São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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INVESTIMENTOS

Fusões e aquisições movimentaram US$ 35 bi no Brasil em 1998

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

A crise econômica iniciada no ano passado não abateu o interessepela compra e união de empresas no Brasil. Um balanço preparado pela consultoria KPMG indica que foram fechados 351 negócios entre companhias em 98.
O resultado é 6% menor do que o de 97, quando ocorreram 372 fusões e aquisições.
"Em compensação, o valor das transações subiu", diz Márcio Lutterbach, sócio da KPMG. "Em 98, as fusões e aquisições movimentaram entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões."
Para 99, existem duas perspectivas bastante diferentes. O primeiro semestre deverá ser marcado por uma queda nos negócios devido à indefinição na economia.
No segundo semestre, a KPMG espera que ocorra uma nova onda de negócios, embalada pelo baixo preço, em dólares, das empresas brasileiras.
"O segundo semestre deve ser tão movimentado quanto os mesmos períodos de 98 e de 97", diz o consultor.
A expectativa é que seja acentuada uma tendência registrada no ano passado.
Em 98, houve crescimento de 8% nas fusões e aquisições comandadas por multinacionais, passando de 204 para 221 negócios.
As operações entre companhias brasileiras caíram 29%, passando de 168 para 130.
"Como muitas empresas brasileiras estão fragilizadas pela crise, deve haver aumento da participação de companhias estrangeiras", diz Lutterbach.
A participação das empresas estrangeiras na economia brasileira cresce, sem interrupção, desde o início da década.
Em 93, foram realizadas 150 fusões e aquisições no país. Oitenta e dois negócios foram fechados por multinacionais, cerca de um terço menos do que no ano passado.
Outra característica marcante do processo de fusões e aquisições no Brasil é a concentração em algumas áreas de negócios.
Há seis anos, as empresas de alimentação, bebidas e fumo lideram o ranking do número de negócios fechados no país.
No ano passado, 36 das 351 fusões e aquisições ocorreram entre empresas do setor.
A novidade foi a crescente participação das empresas de telecomunicações, desbancando as instituições financeiras como o segundo setor mais movimentado com novos negócios.
Foram fechados 31 negócios entre empresas de telecomunicações, contra 28 fusões e aquisições de bancos ou seguradoras.
São esses setores que concentram também os valores mais altos de negociação, como no caso da privatização da Telebrás e da compra do banco Real pelo holandês ABN-Amro.


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