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NEGOCIAÇÃO
Serão ouvidas boas notícias sobre o país, diz diretor-gerente do FMI
Camdessus afirma que o Brasil inicia recuperação
MARCELO DIEGO
de Nova York
O diretor-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Michel
Camdessus, disse estar "confiante de que serão ouvidas boas notícias sobre o
Brasil" nos próximos dias, referindo-se ao andamento das negociações entre o Fundo e a missão brasileira em Washington.
Camdessus afirmou também que
o Brasil está começando a mostrar
sinais de recuperação econômica.
Ele discursou na Associação de Política Estrangeira, anteontem, em
Nova York.
Na opinião dele, o Brasil está tentando se fortalecer após a desvalorização do real (manobra não recomendada pelo Fundo).
Uma equipe do governo brasileiro está em Washington para rever
as metas do acordo com o FMI,
que permitirão o desembolso de
cerca de US$ 32,5 bilhões em empréstimos, de um pacote de ajuda
captado pelo Fundo. A primeira
parcela foi liberada em dezembro,
de cerca de US$ 9 bilhões, mas obedecendo a metas anteriores, estabelecidas ainda com o real sobrevalorizado.
Para Camdessus, o novo acordo
depende de pequenos detalhes e
deve ser assinado logo.
Negociações
As negociações entre a missão
brasileira e o FMI para rever os termos do acordo de ajuda ao país
vão se estender até a próxima semana.
O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Caramuru, disse ontem que os trabalhos estavam em
"fase conclusiva", mas que não terminariam hoje, uma possibilidade
que existia até anteontem.
"Esperamos voltar para o Brasil
na semana que vem", afirmou ele,
sem especificar uma data.
Ao final das negociações, o governo brasileiro e o Fundo devem
divulgar um comunicado conjunto especificando os novos parâmetros e metas econômicos que deverão balizar o acordo.
A revisão do documento de entendimento com o Fundo vai viabilizar a liberação de uma segunda
parcela de US$ 9 bilhões para o
Brasil. Desse total, US$ 4,5 bilhões
serão do FMI e US$ 4,5 bilhões do
BIS (banco central dos bancos centrais, que coordena a ajuda ao Brasil por parte dos países industrializados).
A expectativa do governo e do
próprio Fundo é que a liberação do
empréstimo seja feita no final de
março.
No total, a ajuda externa ao país
soma US$ 41,5 bilhões. Ela está
condicionada ao cumprimento de
metas pelo governo brasileiro, que
deverá avançar no controle das
contas públicas.
Quando fechou a primeira versão do acordo com o Fundo, em
novembro, o governo se comprometeu a reduzir o déficit público
de 8,1% do PIB (Produto Interno
Bruto) para 4,7%. No entanto, a
desvalorização do real, que gerou
aumento da inflação e dos juros,
forçou a negociação de um objetivo mais modesto.
Até agora, o único parâmetro conhecido da revisão do acordo com
o FMI é a previsão de inflação de
11% para este ano. Resta estimar
qual será a variação do PIB para
definir as metas fiscais a serem
atingidas. Em estimativas preliminares, técnicos do governo têm
previsto queda de 3,5%.
Coréia do Sul
Michel Camdessus disse também
que a entidade está modificando
suas projeções para a economia
sul-coreana, prevendo aumento de
2% no PIB (Produto Interno Bruto) do país, ao contrário da queda
de 1% estimada anteriormente.
Colaborou Isabel Versiani, enviada especial a
Washington
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