São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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NEGOCIAÇÃO
Serão ouvidas boas notícias sobre o país, diz diretor-gerente do FMI
Camdessus afirma que o Brasil inicia recuperação

MARCELO DIEGO
de Nova York

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Michel Camdessus, disse estar "confiante de que serão ouvidas boas notícias sobre o Brasil" nos próximos dias, referindo-se ao andamento das negociações entre o Fundo e a missão brasileira em Washington.
Camdessus afirmou também que o Brasil está começando a mostrar sinais de recuperação econômica. Ele discursou na Associação de Política Estrangeira, anteontem, em Nova York.
Na opinião dele, o Brasil está tentando se fortalecer após a desvalorização do real (manobra não recomendada pelo Fundo).
Uma equipe do governo brasileiro está em Washington para rever as metas do acordo com o FMI, que permitirão o desembolso de cerca de US$ 32,5 bilhões em empréstimos, de um pacote de ajuda captado pelo Fundo. A primeira parcela foi liberada em dezembro, de cerca de US$ 9 bilhões, mas obedecendo a metas anteriores, estabelecidas ainda com o real sobrevalorizado.
Para Camdessus, o novo acordo depende de pequenos detalhes e deve ser assinado logo.

Negociações
As negociações entre a missão brasileira e o FMI para rever os termos do acordo de ajuda ao país vão se estender até a próxima semana.
O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Caramuru, disse ontem que os trabalhos estavam em "fase conclusiva", mas que não terminariam hoje, uma possibilidade que existia até anteontem.
"Esperamos voltar para o Brasil na semana que vem", afirmou ele, sem especificar uma data.
Ao final das negociações, o governo brasileiro e o Fundo devem divulgar um comunicado conjunto especificando os novos parâmetros e metas econômicos que deverão balizar o acordo.
A revisão do documento de entendimento com o Fundo vai viabilizar a liberação de uma segunda parcela de US$ 9 bilhões para o Brasil. Desse total, US$ 4,5 bilhões serão do FMI e US$ 4,5 bilhões do BIS (banco central dos bancos centrais, que coordena a ajuda ao Brasil por parte dos países industrializados).
A expectativa do governo e do próprio Fundo é que a liberação do empréstimo seja feita no final de março.
No total, a ajuda externa ao país soma US$ 41,5 bilhões. Ela está condicionada ao cumprimento de metas pelo governo brasileiro, que deverá avançar no controle das contas públicas.
Quando fechou a primeira versão do acordo com o Fundo, em novembro, o governo se comprometeu a reduzir o déficit público de 8,1% do PIB (Produto Interno Bruto) para 4,7%. No entanto, a desvalorização do real, que gerou aumento da inflação e dos juros, forçou a negociação de um objetivo mais modesto.
Até agora, o único parâmetro conhecido da revisão do acordo com o FMI é a previsão de inflação de 11% para este ano. Resta estimar qual será a variação do PIB para definir as metas fiscais a serem atingidas. Em estimativas preliminares, técnicos do governo têm previsto queda de 3,5%.

Coréia do Sul
Michel Camdessus disse também que a entidade está modificando suas projeções para a economia sul-coreana, prevendo aumento de 2% no PIB (Produto Interno Bruto) do país, ao contrário da queda de 1% estimada anteriormente.


Colaborou Isabel Versiani, enviada especial a Washington

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