São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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Lafer prevê superávit em fevereiro

da Reportagem Local

O Brasil deve obter um superávit "modesto" na balança comercial em fevereiro como resultado tanto de redução nas importações como de aumento das exportações.
A previsão é do ministro do Desenvolvimento, Celso Lafer, e contraria estimativas de consultorias e bancos, que esperam que seja registrado um novo déficit neste mês, apesar do impacto da desvalorização do real. Em janeiro, o déficit foi de US$ 754 milhões.
A consultoria Tendências, por exemplo, informa que até o final da terceira semana de fevereiro havia, sim, um superávit -de US$ 43 milhões-, mas prevê um déficit no mês de cerca de US$ 100 milhões. Usualmente, cresce o volume de importações nos últimos dias de cada mês.
Em entrevista depois de participar de almoço na Câmara Americana de Comércio, Lafer não quis detalhar suas previsões, reconhecendo que o resultado final poderá ser alterado por operações de importação ou exportação fechadas nesta semana.
Ele acredita, porém, que o Brasil terá um superávit de pelo menos US$ 2,5 bilhões neste ano, podendo chegar a US$ 5 bilhões.
Bancos e consultorias estimam que o saldo positivo poderá ser até maior, alcançando US$ 6 bilhões, com uma queda de cerca de 15% das importações e aumento entre 8% e 9% das exportações. O último ano em que a balança comercial apresentou superávit foi em 1994, de US$ 10,5 bilhões.
Lafer informou que em dois meses, no máximo, deverá estar pronto o novo esquema de financiamento de exportações que usará recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e a estrutura do Banco do Brasil e do Sebrae para repasse dos recursos às empresas.
O BNDES já tem um programa de crédito aos exportadores, que desembolsou US$ 2,06 bilhões em 1998, 74% a mais do que no ano anterior. "O BNDES não é um banco de varejo nem deve ser. E os bancos privados têm sido reticentes em repassar esses recursos", disse, ao explicar por que se procura outros canais de transferência dos financiamentos aos exportadores.
Lafer também disse que quer trabalhar em uma proposta de reforma tributária que seja compatível com a meta de ajuste fiscal, mas que redistribua a carga dos impostos de forma que não pese em demasiado para as empresas.
Ele pediu que os empresários presentes a almoço da Câmara Americana ajudem a explicar o que está ocorrendo no Brasil para suas matrizes no exterior.
E ouviu do novo presidente do conselho da Câmara, Randolph Millian, que "a desvalorização cambial, do modo como foi feita, pegou-nos de surpresa e talvez tenha causado mais danos do que teria sido necessário".


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