São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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TRABALHO
Acordo entre sindicato da CUT e Ford para evitar corte de 1.543 "excedentes" prevê "lay-off" com 100% do salário
Metalúrgicos aceitam suspensão temporária

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Funcionários da Ford em São Bernardo concordaram em aceitar a suspensão temporária do contrato de trabalho para evitar a demissão do excedente de 1.543 metalúrgicos da fábrica.
Uma plenária de funcionários da Ford realizada ontem na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC aprovou a proposta acordada entre a montadora e os dirigentes sindicais, informou o presidente da entidade, Luiz Marinho.
Participaram da votação cerca de 800 empregados da montadora que constam na lista de excedente de pessoal.
O excedente inicial era de 2.800 pessoas, que haviam sido demitidas no início do ano.
Após pressão do sindicato, que realizou ocupações diárias na fábrica, a Ford recuou na intenção de cortar e abriu um programa de demissões voluntárias, encerrado em 12 de fevereiro.
Feitas as contas do número de funcionários que aderiram ao programa e aqueles que aceitaram as demissões, a Ford contabilizou um excedente de 1.543. Para o sindicato, esse número chega a 1.700, pois a entidade considera funcionários recentemente terceirizados.
O acordo ainda tem que ser ratificado por uma assembléia de funcionários, que será realizada na manhã de terça-feira, no pátio da Ford em São Bernardo.
A proposta levada ontem aos funcionários prevê, além da suspensão temporária do contrato de trabalho, até o final de maio, licença remunerada em junho, com remuneração integral.
Durante a suspensão, também conhecida por "lay-off", os metalúrgicos receberiam 100% do salário, mas a empresa deixa de recolher os valores relativos a encargos e direitos.
Ou seja, não haverá recolhimento para o INSS e o FGTS, como determina a medida provisória que criou essa modalidade de regime contratual.
O governo estabeleceu a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de medida provisória em novembro do ano passado. O objetivo era oferecer às empresas e aos sindicatos um mecanismo para evitar demissões durante períodos de queda na atividade econômica.
Um acordo de suspensão temporária somente pode ser feito com a participação do sindicato.
O sindicato do ABC é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), que sempre foi contrária ao "lay-off".
O acordo para reduzir o IPI sobre os carros em troca da manutenção do emprego no setor, fechado ontem, favorece as negociações, de acordo com o sindicalista.


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