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TRABALHO
Acordo entre sindicato da CUT e Ford para evitar corte de 1.543 "excedentes" prevê "lay-off" com 100% do salário
Metalúrgicos aceitam suspensão temporária
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
Funcionários
da Ford em São
Bernardo concordaram em
aceitar a suspensão temporária
do contrato de
trabalho para
evitar a demissão do excedente de
1.543 metalúrgicos da fábrica.
Uma plenária de funcionários da
Ford realizada ontem na sede do
Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC aprovou a proposta acordada
entre a montadora e os dirigentes
sindicais, informou o presidente
da entidade, Luiz Marinho.
Participaram da votação cerca de
800 empregados da montadora
que constam na lista de excedente
de pessoal.
O excedente inicial era de 2.800
pessoas, que haviam sido demitidas no início do ano.
Após pressão do sindicato, que
realizou ocupações diárias na fábrica, a Ford recuou na intenção de
cortar e abriu um programa de demissões voluntárias, encerrado em
12 de fevereiro.
Feitas as contas do número de
funcionários que aderiram ao programa e aqueles que aceitaram as
demissões, a Ford contabilizou um
excedente de 1.543. Para o sindicato, esse número chega a 1.700, pois
a entidade considera funcionários
recentemente terceirizados.
O acordo ainda tem que ser ratificado por uma assembléia de funcionários, que será realizada na
manhã de terça-feira, no pátio da
Ford em São Bernardo.
A proposta levada ontem aos
funcionários prevê, além da suspensão temporária do contrato de
trabalho, até o final de maio, licença remunerada em junho, com remuneração integral.
Durante a suspensão, também
conhecida por "lay-off", os metalúrgicos receberiam 100% do salário, mas a empresa deixa de recolher os valores relativos a encargos
e direitos.
Ou seja, não haverá recolhimento para o INSS e o FGTS, como determina a medida provisória que
criou essa modalidade de regime
contratual.
O governo estabeleceu a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de medida provisória em novembro do ano passado. O objetivo era oferecer às empresas e aos sindicatos um mecanismo para evitar demissões durante períodos de queda na atividade econômica.
Um acordo de suspensão temporária somente pode ser feito com a
participação do sindicato.
O sindicato do ABC é filiado à
CUT (Central Única dos Trabalhadores), que sempre foi contrária ao
"lay-off".
O acordo para reduzir o IPI sobre
os carros em troca da manutenção
do emprego no setor, fechado ontem, favorece as negociações, de
acordo com o sindicalista.
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