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SAIBA MAIS
Disponibilidade menor ocasiona choque de oferta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os chamados choques de
oferta ocorrem quando os aumentos de preços não decorrem de maior demanda por
parte dos consumidores. São
causados principalmente por
redução da disponibilidade dos
produtos no mercado ou por
fatores externos.
Safras quebradas por eventos
climáticos são exemplos clássicos de choque de oferta. Supondo que haja na economia
brasileira 50 consumidores de
tomate e que, em condições
normais, a produção atenda a
demanda. Em um ano, no entanto, uma forte geada quebra
a safra e reduz a produção para
30 tomates.
A demanda seria a mesma, de
50 consumidores. Mas a oferta
só atenderia 30. A procura por
unidade do produto aumentaria naturalmente. Nessas circunstâncias, os produtores teriam facilidade para majorar
seus preços. Provavelmente,
quem quisesse comprar a mercadoria aceitaria pagar mais
por ela a correr o risco de ficar
sem o produto.
Além dos produtos in natura,
o Banco Central citou na ata do
Copom (Comitê de Política
Monetária) o aumento do preço de algumas commodities no
mercado internacional como
fator de choque de oferta.
Nos últimos meses, produtos
básicos como metais tiveram
seus preços elevados no mercado internacional devido ao
maior consumo da China. Como esses produtos são cotados
em dólar, mesmo que a demanda e a oferta internas estejam equilibradas, o preço sobe
no mercado doméstico.
É o caso de empresas que trabalham no limite da capacidade de produção. É mais vantajoso vender para o mercado externo. Afinal, a produção (em
grande parte) tem os custos pagos em reais, mas a venda é feita em moeda estrangeira -dólares, geralmente. Essas indústrias aceitam vender para o
mercado doméstico, desde que
recebam o mesmo do que para
uma venda ao exterior -caso
contrário, não há vantagem.
Nos dois exemplos, a política
monetária tem pouco ou nenhum efeito sobre esse tipo de
inflação. Subir ou manter os juros em nível elevado, para reduzir a demanda interna, não
impediria os aumentos de preços dos produtos.
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