São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2004

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Mundo está longe das metas sociais, avalia Bird

DE WASHINGTON

O Banco Mundial reconheceu ontem no encerramento da reunião anual do FMI, em Washington, que o mundo continua ""distante" de alcançar as metas sociais estabelecidas pelas Nações Unidas para 2015.
Conhecidas como Metas do Milênio, o conjunto de melhorias sociais -de redução de pobreza e nas áreas de saúde e educação- está atrasado principalmente em países da África e na América Latina.
O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, atribuiu o fracasso das metas ""à maior falta de sentido nas coisas que podemos imaginar: enquanto o mundo gasta US$ 900 bilhões ao ano em defesa, emprega apenas US$ 60 bilhões em ajuda a países necessitados", disse.
No caso da redução do número de miseráveis no mundo, houve uma estagnação na América Latina, fruto de uma década de baixo crescimento, e um aumento na África subsaariana.
A situação mundial não piorou mais pelo fato de a China e o leste da Ásia terem avançado mais rapidamente.
Outra das Metas do Milênio é assegurar o acesso à escola a todas as crianças do mundo até 2015. De acordo com o Banco Mundial, seriam necessários aproximadamente US$ 5,6 bilhões para atingir esse objetivo.
Segundo a ONG Oxfam, os EUA, por exemplo, devem gastar este ano 300 vezes mais recursos com a Guerra do Iraque do que o empregado em programas educacionais em países pobres.
""Os países ricos deveriam estar focados nas causas dos conflitos e da instabilidade. Não o contrário. Uma das principais (causas) é a falta de educação e de oportunidade nos países pobres", disse Wolfensohn.
A principal sugestão do comitê da ONU formado por 187 países para o cumprimento das Metas do Milênio também continua sem ser atendida.
Entre os países ricos que se comprometeram com as metas, apenas cinco vêm dirigindo o equivalente a 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) a programas de ajuda internacional.
Ngozi Okonjo-Iweala, presidente do Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial e do FMI, cobrou dos países ricos a abertura de seus mercados às nações mais pobres como forma de ajudar a acelerar o cumprimento das Metas do Milênio.
""Reformas estruturais, mais dinheiro em ajuda direta e o combate à corrupção seriam muito mais efetivos com um aumento das taxas de crescimento", disse Okonjo-Iweala.
Ironicamente, foram poucos os protestos no fim de semana contra as duas instituições que reconheceram o fracasso no cumprimento, até aqui, das Metas do Milênio. Foram poucos os protestos que reconheceram o fracasso das metas. (FCz)



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