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Após negociar com governo, presidente da entidade diz que compulsório será reduzido "em breve"
Febraban vê "direcionamento obrigatório"
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A linha de microempréstimos
para a população de baixa renda,
anunciada ontem pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, foi considerada pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) como
"um direcionamento obrigatório
de 2% dos depósitos à vista", segundo nota oficial da entidade.
Foi uma referência à estratégia
do governo de aumentar o compulsório, deixando como alternativa aos bancos que não quiserem
fazer esse recolhimento destinar
2% dos depósitos à vista aos microempréstimos.
Na nota, porém, a Febraban diz
apoiar as "medidas para a ampliação do crédito" anunciadas pelo
governo. Segundo a entidade,
"são iniciativas de cunho social
que abrirão alternativas para a
população de baixa renda".
Até ontem, o presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira,
tentava negociar com o governo
formas de compensar "perdas"
que o setor teria com as medidas.
Os bancos querem que o Banco
Central reduza para todas as instituições a alíquota do compulsório
sobre os depósitos à vista. Isso reduziria a resistência dos bancos às
medidas de ontem.
Ferreira disse à Folha acreditar
que "o compulsório será reduzido
em breve". Porém, se isso não
ocorrer, ele admite que o "spread"
(diferença entre o custo de captação de recursos dos bancos e as taxas cobradas dos clientes) sobre
os empréstimo com recursos livres pode aumentar.
O que para os bancos passou como uma obrigação indigesta, para
Lula é um "incentivo aos bancos"
para baratear e ampliar o crédito
no país, segundo afirmou ao
anunciar as medidas.
O presidente disse ainda que a
medida contribuirá para reduzir
o "spread" bancário.
Na interpretação do economista
Sérgio Werlang, diretor do banco
Itaú, o pacote só reduz o "spread"
nos microempréstimos. Nas outras linhas de financiamento, seu
efeito poderá ser até oposto. "As
demais linhas vão sofrer, pois haverá menos recursos livres para
empréstimos bancários", afirmou
Werlang. "As medidas não ajudam a reduzir o "spread'", disse.
Segundo Werlang, toda vez que
o governo direciona recursos para
crédito com uma taxa de juros
máxima, beneficia o setor que receberá os recursos, mas prejudica
o setor livre da área de crédito.
Hoje, apenas 7% dos depósitos à
vista são destinados a empréstimos livres - em que o banco tem
liberdade de alocação.
O Banco Central recolhe 60%
dos depósitos à vista, remunerando apenas 8% desse montante pela taxa Selic, hoje em 26% ao
ano.
Colaborou Leonardo Souza,
da Sucursal de Brasília
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