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Alckmin apóia Dieese contra Seade
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador do Estado de São
Paulo, Geraldo Alckmin, garantiu
ontem que a pesquisa de emprego
e desemprego -feita em parceria
entre o Dieese e a Fundação Seade- não vai mudar e defendeu a
manutenção do convênio entre as
duas instituições, que há 18 anos
calculam juntas os índices de desemprego na região metropolitana de São Paulo.
Há cerca de três semanas, as
duas entidades travam uma disputa sobre a forma de divulgar os
índices de desemprego.
A decisão de que não haverá
mudanças foi anunciada ontem
pelo secretário de Economia e do
Planejamento do Estado de São
Paulo, Andrea Calabi, após reunião entre o governador e 13 representantes de seis centrais sindicais, além do Dieese.
Durante a audiência, Alckmin
disse que "não houve ruptura [no
convênio entre as duas instituições] nem haverá decisões unilaterais". Também afirmou, segundo Calabi, que "tudo será feito em
conjunto".
A resposta foi dada às centrais
sindicais após cobrarem o governador sobre a posição do diretor-executivo da fundação, José Eli da
Veiga, que defendeu abertamente
o rompimento do convênio que
prevê a realização e a divulgação
da PED (Pesquisa de Emprego e
Desemprego). Para Veiga, a taxa
de desemprego deveria ser divulgada de forma diferente da que vinha sendo feita até agora.
As instituições calculam o desemprego aberto (quem procura
emprego nos últimos 30 dias e
não executou nenhum tipo de atividade remunerada na semana
anterior à entrevista da pesquisa),
o desemprego oculto pelo trabalho precário (quem fez "bico" na
semana anterior à pesquisa e procurou emprego) e o desemprego
oculto pelo desalento (desiste
temporariamente de procurar
trabalho, mas foi atrás de uma vaga nos últimos meses) para chegar a uma taxa de desemprego total. Para Veiga, a soma não deveria ser feita. O Dieese defende a divulgação da soma dos índices.
A polêmica chegou a tal ponto
que a divulgação da pesquisa com
os resultados de maio foi adiada
duas vezes nesta semana. Os dados deveriam estar hoje na internet, mas uma reunião ontem à
noite entre o coordenador técnico
do Dieese, Sérgio Mendonça, Veiga e Calabi deveria definir uma
nova data para a divulgação.
"A polêmica de forma acirrada e
unilateral não é construtiva. A
discussão [para aperfeiçoar a pesquisa] tem de ser feita em conjunto", afirmou Calabi.
Para Wagner Santana, presidente do Dieese, a pesquisa "reflete a cara do mercado de trabalho
brasileiro". "Se você perguntar a
quem fez um bico se ele tem emprego, ele dirá que está desempregado", afirmou Santana. "O governador disse que o Dieese é um
parceiro na criação da pesquisa e
reconheceu sua igualdade com a
Fundação Seade."
Na avaliação de João Carlos
Gonçalves, secretário-geral da
Força Sindical, a decisão do governador foi "acertada". "Fomos
atendidos. O governador manteve a parceria e a forma democrática de fazer uma discussão se a
pesquisa deve ou não mudar. E os
resultados da pesquisa serão divulgados em conjunto."
Até o fechamento desta edição
não havia informação se haveria
mudanças na direção da Fundação Seade e quando os dados da
pesquisa seriam divulgados.
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