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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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Alckmin apóia Dieese contra Seade

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, garantiu ontem que a pesquisa de emprego e desemprego -feita em parceria entre o Dieese e a Fundação Seade- não vai mudar e defendeu a manutenção do convênio entre as duas instituições, que há 18 anos calculam juntas os índices de desemprego na região metropolitana de São Paulo.
Há cerca de três semanas, as duas entidades travam uma disputa sobre a forma de divulgar os índices de desemprego.
A decisão de que não haverá mudanças foi anunciada ontem pelo secretário de Economia e do Planejamento do Estado de São Paulo, Andrea Calabi, após reunião entre o governador e 13 representantes de seis centrais sindicais, além do Dieese.
Durante a audiência, Alckmin disse que "não houve ruptura [no convênio entre as duas instituições] nem haverá decisões unilaterais". Também afirmou, segundo Calabi, que "tudo será feito em conjunto".
A resposta foi dada às centrais sindicais após cobrarem o governador sobre a posição do diretor-executivo da fundação, José Eli da Veiga, que defendeu abertamente o rompimento do convênio que prevê a realização e a divulgação da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego). Para Veiga, a taxa de desemprego deveria ser divulgada de forma diferente da que vinha sendo feita até agora.
As instituições calculam o desemprego aberto (quem procura emprego nos últimos 30 dias e não executou nenhum tipo de atividade remunerada na semana anterior à entrevista da pesquisa), o desemprego oculto pelo trabalho precário (quem fez "bico" na semana anterior à pesquisa e procurou emprego) e o desemprego oculto pelo desalento (desiste temporariamente de procurar trabalho, mas foi atrás de uma vaga nos últimos meses) para chegar a uma taxa de desemprego total. Para Veiga, a soma não deveria ser feita. O Dieese defende a divulgação da soma dos índices.
A polêmica chegou a tal ponto que a divulgação da pesquisa com os resultados de maio foi adiada duas vezes nesta semana. Os dados deveriam estar hoje na internet, mas uma reunião ontem à noite entre o coordenador técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, Veiga e Calabi deveria definir uma nova data para a divulgação.
"A polêmica de forma acirrada e unilateral não é construtiva. A discussão [para aperfeiçoar a pesquisa] tem de ser feita em conjunto", afirmou Calabi.
Para Wagner Santana, presidente do Dieese, a pesquisa "reflete a cara do mercado de trabalho brasileiro". "Se você perguntar a quem fez um bico se ele tem emprego, ele dirá que está desempregado", afirmou Santana. "O governador disse que o Dieese é um parceiro na criação da pesquisa e reconheceu sua igualdade com a Fundação Seade."
Na avaliação de João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical, a decisão do governador foi "acertada". "Fomos atendidos. O governador manteve a parceria e a forma democrática de fazer uma discussão se a pesquisa deve ou não mudar. E os resultados da pesquisa serão divulgados em conjunto."
Até o fechamento desta edição não havia informação se haveria mudanças na direção da Fundação Seade e quando os dados da pesquisa seriam divulgados.


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