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GREENSPAN CONTRA-ATACA
Banco central norte-americano reduz a taxa para 1% ao ano, o menor patamar desde 1958
Risco de deflação faz Fed cortar os juros
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O Federal Reserve (banco central dos EUA) baixou ontem para
1% ao ano o juro básico da economia americana. A decisão pelo
corte, de 0,25 ponto percentual, só
não foi unânime porque um dos
12 membros do comitê de política
monetária queria uma queda
maior, de 0,5 ponto.
A medida, segundo o relatório
do Fed, teve dois objetivos: estimular a economia e combater a
ameaça de deflação nos EUA.
Foi a primeira redução na taxa
desde novembro passado e a 13ª
redução desde janeiro de 2001,
quando os juros estavam em 6,5%
ao ano e o presidente do Fed, Alan
Greenspan, alertou para a necessidade de combater os efeitos do
estouro da ""bolha" especulativa.
Com a taxa em seu menor patamar desde 1958 e a inflação próxima a 1% ao ano, a economia americana trabalha hoje, na prática,
com um juro real próximo a zero.
A nota do Fed demonstra um
otimismo contido em relação à
recuperação econômica e enfatiza
a necessidade de combater a
ameaça de deflação (leia ao lado).
"Sinais recentes apontam para
gastos mais firmes, melhora nas
condições financeiras e estabilização nos mercados de consumo e
trabalho. A economia, no entanto, ainda precisa exibir um crescimento sustentável", diz o documento do Fed.
A economia americana cresceu
a uma taxa anualizada de 1,9% entre janeiro e março deste ano. As
expectativas para o segundo trimestre também não passam de
2%. Mas muitos economistas
acreditam que já há sinais de recuperação no horizonte e vislumbram um crescimento anualizado
próximo a 4% no final do ano.
Até aqui, um dos principais indicadores da Bolsa de Nova York,
o índice Standard & Poor's 500,
acumula alta de 21% no ano e já
haveria uma tendência de desaceleração no ritmo da taxa de desemprego no país, hoje em 6,1%
(o maior nível em nove anos).
Ontem, depois da decisão do
Federal Reserve, o índice S&P fechou em queda de 0,83%. Operadores justificaram a baixa afirmando que esperavam um corte
no juros de 0,5 ponto percentual,
e não de 0,25.
"A decisão do Fed é uma tentativa de demonstrar ao público que
as coisas não ficarão piores. Mas o
objetivo principal é estancar a
ameaça de deflação", disse à Folha Sidney Weintraub, diretor do
departamento de economia global do Centro Internacional de
Estudos Estratégicos.
A deflação é um fenômeno típico de economias estagnadas e
surge quando os preços caem de
forma generalizada. Quando ela
ocorre, empresas têm mais dificuldades em fazer caixa para pagar débitos e dar aumentos salariais, o que acaba tendo impacto,
da mesma forma, entre as pessoas
físicas e suas dívidas.
Preços em queda
Nos últimos sete anos, a inflação
americana vinha sem mantendo
na faixa de 2% a 3% ao ano. A partir de outubro passado, caiu para
perto de 1%, mantendo tendência
de baixa desde então.
A próxima reunião do Federal
Reserve ocorre no dia 12 de agosto, e não está descartado um novo
corte de 0,25 ponto caso a recuperação continue lenta, e a ameaça
de deflação, presente.
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