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Mercado fica dividido sobre ação do BC
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro está dividido em relação ao Banco Central:
parte acha que a instituição agiu
corretamente ao não rolar a dívida cambial que vencia ontem, no
valor de US$ 1,5 bilhão, e que deve
manter a mesma atitude nos próximos vencimentos; outra parte
acha que a decisão de não fazer a
rolagem num momento de turbulência como o atual foi um grande
erro e que repeti-lo poderá levar o
dólar às alturas.
A baixa demanda por "hedge"
(proteção) foi a razão apresentada
pelo BC para não rolar a dívida
que vencia ontem. A versão do
mercado é que a rolagem não
aconteceu porque o BC não estaria disposto a pagar o juro que seria pedido, na faixa de 50% ao
ano, além da variação cambial.
Quem acha que o BC está agindo errado diz que, sem a rolagem,
a pressão sobre o dólar à vista pode se intensificar e a cotação se
transformar numa bola de neve
descontrolada, o que repercutiria
diretamente na inflação e no risco-país.
Na opinião de Miguel Sano, gestor de renda fixa da Sul América
Investimentos, o BC deveria aceitar a rolagem, mesmo com juros
altos. "O dólar é um ativo escasso.
Faltam linhas de financiamento e
há vários compromissos externos
a serem pagos. O risco de o dólar
fugir do controle é grande", diz.
Os que acham que o BC fez bem
em não fazer a rolagem alegam
que aceitar juros na faixa de 50%
seria assumir uma posição de desespero. Além de aumentar a dívida pública, o dólar subiria mais
ainda por causa da demonstração
de fragilidade. Além disso, acrescentam, a situação é passageira. A
cotação do dólar é irreal e, cedo
ou tarde, vai ceder.
Para Francisco Petros, presidente da Abamec (Associação
Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais), o principal erro
do BC foi permitir uma grande
dose de vencimentos de dívida
cambial entre setembro de 2002 e
janeiro de 2003.
No final de abril, explica, a dívida cambial que venceria nesse período somava US$ 8,7 bilhões. Devido a repactuações, de lá para cá o valor subiu para US$ 22,5 bilhões. "Era previsível a turbulência agora. Não há justificativa para o BC ter encurtado a dívida."
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