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São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

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APERTO

Pesquisa indica que, para 54%, ano está pior do que 2002; desemprego é causa

Consumidores "condenam" 2003

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos consumidores considera que o aumento de preços, o desemprego e a queda de renda fizeram de 2003 um ano pior do que 2002, mostra pesquisa divulgada pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
O levantamento, realizado pela consultoria Toledo & Associados, ouviu 600 pessoas na cidade de São Paulo no mês de novembro. Cerca de 54% dos pesquisados acham que este ano foi pior ou muito pior do que o ano passado.
Apenas 2% avaliam que 2003 foi muito melhor do que 2002; 18% acreditam que foi melhor e 26% responderam que o ano não foi melhor nem pior do que 2002.
Apesar do controle da inflação nos últimos meses -principal razão para as reduções da taxa básica de juros pelo Banco Central-, o aumento do custo de vida foi o principal motivo para a piora, segundo 30% dos pesquisados.
As taxas recordes de desemprego também pesaram na avaliação negativa: 17% acham que o ano foi pior porque perderam o emprego; 16% atribuem ao fato de o seu padrão de vida ter caído.
O pessimismo do consumidor, segundo o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, mostra que "nem o Natal vai salvar o comércio neste ano".
"Essa percepção de que 2003 foi pior do que 2002 já afetou negativamente as vendas em 2003."
É por isso, diz ele, que 56% das pessoas ouvidas pela pesquisa da Toledo & Associados não pretendem presentear ninguém no Natal. Cerca de 40% vão comprar presentes -para em média, cinco pessoas, com um gasto de R$ 46,93 por presente- e 4% ainda não decidiram.
"A pesquisa é um alerta para o comerciante de que ele terá que convencer 54% da população a comprar presente de Natal. O consumidor vai ter que pegar no tranco, o comércio será obrigado a ter um esforço maior para estimular a compra por impulso."
O "esforço maior", diz Domingos, vai de iluminar a árvore de Natal na porta da loja à realização de promoções. "Quem deixar para fazer promoção em janeiro pode descobrir que é tarde demais."
A grande oportunidade de vendas, afirma ele, fica por conta dos produtos que demandam crédito, como eletrodomésticos ou celulares. "Os prazos de pagamento estão maiores e os juros mais baixos. O consumidor vai comprar não pelo preço, mas pela prestação que vai caber ou não no orçamento", diz.
Um sintoma da queda na renda do consumidor é que 59% dos pesquisados, indica o levantamento, pretendem fazer suas compras em lojas de rua. Apenas 19% devem ir a shoppings.
"Com o poder aquisitivo caindo, a classe média está comprando roupas em ruas comerciais tradicionais [de São Paulo], como a José Paulino e a 25 de Março."
Além de priorizar as lojas que oferecem os preços mais baixos, o consumidor também está cada vez mais colocando as marcas mais baratas em primeiro lugar.
Em 2003, 44% dos pesquisados trocaram de marcas, 91% deles para reduzir despesas. A economia média foi de R$ 51,57.


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