|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
APERTO
Pesquisa indica que, para 54%, ano está pior do que 2002; desemprego é causa
Consumidores "condenam" 2003
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos consumidores
considera que o aumento de preços, o desemprego e a queda de
renda fizeram de 2003 um ano
pior do que 2002, mostra pesquisa
divulgada pela ACSP (Associação
Comercial de São Paulo).
O levantamento, realizado pela
consultoria Toledo & Associados,
ouviu 600 pessoas na cidade de
São Paulo no mês de novembro.
Cerca de 54% dos pesquisados
acham que este ano foi pior ou
muito pior do que o ano passado.
Apenas 2% avaliam que 2003 foi
muito melhor do que 2002; 18%
acreditam que foi melhor e 26%
responderam que o ano não foi
melhor nem pior do que 2002.
Apesar do controle da inflação
nos últimos meses -principal razão para as reduções da taxa básica de juros pelo Banco Central-,
o aumento do custo de vida foi o
principal motivo para a piora, segundo 30% dos pesquisados.
As taxas recordes de desemprego também pesaram na avaliação
negativa: 17% acham que o ano
foi pior porque perderam o emprego; 16% atribuem ao fato de o
seu padrão de vida ter caído.
O pessimismo do consumidor,
segundo o presidente da ACSP,
Guilherme Afif Domingos, mostra que "nem o Natal vai salvar o
comércio neste ano".
"Essa percepção de que 2003 foi
pior do que 2002 já afetou negativamente as vendas em 2003."
É por isso, diz ele, que 56% das
pessoas ouvidas pela pesquisa da
Toledo & Associados não pretendem presentear ninguém no Natal. Cerca de 40% vão comprar
presentes -para em média, cinco
pessoas, com um gasto de R$
46,93 por presente- e 4% ainda
não decidiram.
"A pesquisa é um alerta para o
comerciante de que ele terá que
convencer 54% da população a
comprar presente de Natal. O
consumidor vai ter que pegar no
tranco, o comércio será obrigado
a ter um esforço maior para estimular a compra por impulso."
O "esforço maior", diz Domingos, vai de iluminar a árvore de
Natal na porta da loja à realização
de promoções. "Quem deixar para fazer promoção em janeiro pode descobrir que é tarde demais."
A grande oportunidade de vendas, afirma ele, fica por conta dos
produtos que demandam crédito,
como eletrodomésticos ou celulares. "Os prazos de pagamento estão maiores e os juros mais baixos. O consumidor vai comprar
não pelo preço, mas pela prestação que vai caber ou não no orçamento", diz.
Um sintoma da queda na renda
do consumidor é que 59% dos
pesquisados, indica o levantamento, pretendem fazer suas
compras em lojas de rua. Apenas
19% devem ir a shoppings.
"Com o poder aquisitivo caindo, a classe média está comprando roupas em ruas comerciais tradicionais [de São Paulo], como a
José Paulino e a 25 de Março."
Além de priorizar as lojas que
oferecem os preços mais baixos, o
consumidor também está cada
vez mais colocando as marcas
mais baratas em primeiro lugar.
Em 2003, 44% dos pesquisados
trocaram de marcas, 91% deles
para reduzir despesas. A economia média foi de R$ 51,57.
Texto Anterior: Opinião econômica: As agências e o poder Próximo Texto: Crédito deverá puxar as vendas para o Natal Índice
|