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TRIBUTAÇÃO
Limite de isenção e abatimento com educação seriam aumentados
Governo estuda medida para reduzir o IR da classe média
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo preparava ontem a edição de uma medida provisória sobre a tabela do Imposto de Renda que, ao contrário dos estudos que vêm sendo feitos pela Receita
Federal, beneficiaria a classe média com a correção das deduções.
A MP, a ser anunciada nos próximos dias, também traria a prorrogação da alíquota de 27,5%.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava
inclinado ontem a fazer uma medida que fosse uma "boa notícia"
para a classe média. Na avaliação do Planalto, com a medida o governo reduziria o impacto das falhas de administração que foram mostradas nos últimos meses, notadamente as da Previdência -recadastramento dos maiores
de 90 anos e longas filas para pedidos de revisão de aposentadorias.
A idéia é corrigir o atual limite
de isenção em 10% -passaria de
R$ 1.058 para R$ 1.164- e aumentar algumas deduções, como
o desconto anual com educação,
que hoje é de R$ 1.998 por pessoa.
A prorrogação da alíquota de
27,5% (para quem ganha mais de
R$ 2.115 mensais) já é objeto de
um projeto de lei em tramitação
no Congresso Nacional, mas vem
encontrando dificuldades de
aprovação. Se a legislação atual
não for modificada, a alíquota cairá para 25% em 2004, gerando
perda de arrecadação de R$ 3 bilhões para a União.
A Receita estuda mudanças na
tabela que vão justamente na direção contrária da correção pura e
simples das deduções em análise
no Planalto. O que se quer é eliminar a distorção atual que faz com
que as faixas de renda mais altas
tenham descontos maiores do
que as faixas menores.
"Técnico não decide"
Questionado sobre o assunto, o
secretário da Receita, Jorge Rachid, afirmou ontem que o papel
do órgão é analisar. "Técnico não
toma decisão. A proposta do governo é prorrogar os 27,5%. Os
estudos que existem sobre outras
propostas são apenas estudos."
Na semana passada, Rachid disse que o governo deveria aproveitar o projeto em tramitação no
Congresso para reduzir as deduções para as faixas mais altas, corrigindo o limite de isenção.
De qualquer forma, o presidente da Câmara dos Deputados,
João Paulo Cunha (PT-SP), anunciou que colocaria em votação,
ainda ontem, um requerimento
de urgência para o projeto.
O objetivo do governo, nesse caso, é evitar que o substitutivo do
deputado Antonio Cambraia
(PSDB-CE) seja votado na Comissão de Finanças e Tributação. O
substitutivo corrige a tabela do IR
em 22,87%, gerando perda de receita de R$ 4 bilhões.
Com o pedido de urgência, Cunha poderá trazer o assunto para
a decisão do plenário e mudar o
relator. A decisão é polêmica porque a tradição na Câmara é a manutenção, em plenário, do relator
escolhido nas comissões.
Para Albuquerque, Cambraia
está só fazendo "confusão" com a
sua intransigência em relação à
correção. "Se ele quer corrigir, ele
precisa dizer de onde vai sair o dinheiro." Cambraia disse que o governo está ganhando dinheiro sobre os aumentos salariais dos
contribuintes.
(ELIANE CANTANHÊDE, SÍLVIA MUGNATTO E RANIER BRAGON)
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