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BOLSA
Lançamento no mercado será feito após o Carnaval
Fundo reunirá ações do Ibovespa para negociação em um só papel
MARCELO MOTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O investimento em Bolsa vai
ganhar um significado mais concreto, neste ano. Após o Carnaval,
será lançado ao mercado o Fundo
de Índice, um produto que reproduzirá fielmente o Ibovespa. As
regras para esse tipo de aplicação,
montada pela CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), serão publicadas no início desta semana.
O primeiro do tipo será composto pelos papéis que integram o
índice que é referência da Bolsa
brasileira. Cada ação estará na
exata proporção em que consta
da carteira teórica do Ibovespa.
Um feito inédito.
Existem no mercado os fundos
indexados, ou seja, vinculados a
um índice. Mas, por mais que
seus gestores tenham tentado reproduzir o Ibovespa, é muito difícil ter sempre todas as ações que o
formam. E é praticamente impossível mantê-las na mesma proporção do índice.
Isso porque, dentro do Ibovespa há ações de baixa liquidez, e
com participações tão pequenas
que, só para que fosse atingido o
lote mínimo de negociação de cada uma na Bolsa, o fundo teria de
possuir um patrimônio enorme,
para respeitar a proporcionalidade da carteira do índice. Isso sem
levar em conta o ajuste constante
das ações em carteira, para dar
vazão aos saques e depósitos.
É nesse perfil de patrimônios gigantescos que se encaixam os patrocinadores do Fundo de Índice
do Ibovespa. As ações que o constituirão sairão das carteiras dos
maiores fundos de pensão do país
e da BNDESPar, a empresa de
participações acionárias do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O fundo no qual as ações do
Ibovespa serão depositadas será
fechado. Isso significa que, depois
de formada a carteira do índice,
não serão aceitos novos aportes
de papel, a fim de assegurar a sua
reprodução fiel.
Os pequenos investidores terão
acesso ao Fundo de Índice por
meio da compra de suas cotas. Ou
seja, pedaços do fundo, que serão
listados na Bovespa e poderão ser
oferecidos ao público.
Os investidores líderes da operação, que está sendo montada
pelos bancos de investimento JP
Morgan e Goldman Sachs, planejam oferecer ao mercado até R$
1,5 bilhão, em cotas, no lançamento. Mas o patrimônio do
Fundo de Índice do Ibovespa poderá atingir os R$ 5 bilhões. Outros blocos serão vendidos depois
e poderão ser direcionados ao
mercado externo. Por enquanto,
o Fundo de Índice de Ibovespa só
poderá ser negociado no mercado
brasileiro.
Uma cota do Fundo Índice não
custará barato. O preço ficará ao
redor de R$ 2.500. O valor ainda
está sendo avaliado pelos coordenadores da operação e também
pode variar, devido à flutuação
constante do preço da carteira do
Ibovespa, que é formado a cada
minuto, no pregão da Bolsa.
É mais caro do que investir em
um fundo indexado no Ibovespa.
Mas, uma vez dentro do Fundo
Índice, o custo será menor. A taxa
de administração do fundo sairá
por volta de 0,25%, ao ano, sobre
o patrimônio líquido. Os fundos
indexados têm custos variados,
mas pagar 3% ao ano é uma referência baixa desse mercado.
Em compensação, o investidor
terá mais trabalho, na nova aplicação. O Fundo Índice exigirá
mais compreensão da mecânica
de Bolsa. E isso só ficará mais evidente na hora do saque.
Quando quiser reaver o investimento, o aplicador não terá a garantia de receber o dinheiro em
três dias, como nos fundos tradicionais. No Fundo Índice, o investidor pode receber em ações e então ordenar a venda dos papéis
em pregão. Esse processo não tem
um prazo garantido e pode demorar mais, no caso das ações
menos líquidas.
A alternativa para isso será a negociação direta das cotas. Elas serão listadas na Bovespa e, se a negociação pegar, será bem mais
simples vender. Essa venda em
Bolsa acrescentará ao custo do
produto a corretagem, que custa
0,5% do valor negociado.
Na taxa de administração estão
inclusos os serviços aos acionistas, a cargo do banco Itaú. A instituição manterá no ar um site só
do Fundo de Índice, com todas as
informações úteis ao investidor.
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