São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2002

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BOLSA

Lançamento no mercado será feito após o Carnaval

Fundo reunirá ações do Ibovespa para negociação em um só papel

MARCELO MOTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O investimento em Bolsa vai ganhar um significado mais concreto, neste ano. Após o Carnaval, será lançado ao mercado o Fundo de Índice, um produto que reproduzirá fielmente o Ibovespa. As regras para esse tipo de aplicação, montada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), serão publicadas no início desta semana.
O primeiro do tipo será composto pelos papéis que integram o índice que é referência da Bolsa brasileira. Cada ação estará na exata proporção em que consta da carteira teórica do Ibovespa. Um feito inédito.
Existem no mercado os fundos indexados, ou seja, vinculados a um índice. Mas, por mais que seus gestores tenham tentado reproduzir o Ibovespa, é muito difícil ter sempre todas as ações que o formam. E é praticamente impossível mantê-las na mesma proporção do índice.
Isso porque, dentro do Ibovespa há ações de baixa liquidez, e com participações tão pequenas que, só para que fosse atingido o lote mínimo de negociação de cada uma na Bolsa, o fundo teria de possuir um patrimônio enorme, para respeitar a proporcionalidade da carteira do índice. Isso sem levar em conta o ajuste constante das ações em carteira, para dar vazão aos saques e depósitos.
É nesse perfil de patrimônios gigantescos que se encaixam os patrocinadores do Fundo de Índice do Ibovespa. As ações que o constituirão sairão das carteiras dos maiores fundos de pensão do país e da BNDESPar, a empresa de participações acionárias do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O fundo no qual as ações do Ibovespa serão depositadas será fechado. Isso significa que, depois de formada a carteira do índice, não serão aceitos novos aportes de papel, a fim de assegurar a sua reprodução fiel.
Os pequenos investidores terão acesso ao Fundo de Índice por meio da compra de suas cotas. Ou seja, pedaços do fundo, que serão listados na Bovespa e poderão ser oferecidos ao público.
Os investidores líderes da operação, que está sendo montada pelos bancos de investimento JP Morgan e Goldman Sachs, planejam oferecer ao mercado até R$ 1,5 bilhão, em cotas, no lançamento. Mas o patrimônio do Fundo de Índice do Ibovespa poderá atingir os R$ 5 bilhões. Outros blocos serão vendidos depois e poderão ser direcionados ao mercado externo. Por enquanto, o Fundo de Índice de Ibovespa só poderá ser negociado no mercado brasileiro.
Uma cota do Fundo Índice não custará barato. O preço ficará ao redor de R$ 2.500. O valor ainda está sendo avaliado pelos coordenadores da operação e também pode variar, devido à flutuação constante do preço da carteira do Ibovespa, que é formado a cada minuto, no pregão da Bolsa.
É mais caro do que investir em um fundo indexado no Ibovespa. Mas, uma vez dentro do Fundo Índice, o custo será menor. A taxa de administração do fundo sairá por volta de 0,25%, ao ano, sobre o patrimônio líquido. Os fundos indexados têm custos variados, mas pagar 3% ao ano é uma referência baixa desse mercado.
Em compensação, o investidor terá mais trabalho, na nova aplicação. O Fundo Índice exigirá mais compreensão da mecânica de Bolsa. E isso só ficará mais evidente na hora do saque.
Quando quiser reaver o investimento, o aplicador não terá a garantia de receber o dinheiro em três dias, como nos fundos tradicionais. No Fundo Índice, o investidor pode receber em ações e então ordenar a venda dos papéis em pregão. Esse processo não tem um prazo garantido e pode demorar mais, no caso das ações menos líquidas.
A alternativa para isso será a negociação direta das cotas. Elas serão listadas na Bovespa e, se a negociação pegar, será bem mais simples vender. Essa venda em Bolsa acrescentará ao custo do produto a corretagem, que custa 0,5% do valor negociado.
Na taxa de administração estão inclusos os serviços aos acionistas, a cargo do banco Itaú. A instituição manterá no ar um site só do Fundo de Índice, com todas as informações úteis ao investidor.


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