São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Países ricos adotam política contraditória

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nova rodada de negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) começa com sinais contraditórios por parte dos países ricos, principalmente dos Estados Unidos, em relação ao compromisso com a liberalização do comércio.
Embora o presidente americano, George W. Bush, tenha trabalhado para conseguir a autorização do Congresso para negociar acordos comerciais e faça discursos defendendo o fim dos subsídios agrícolas, a Câmara dos Deputados americana aprovou um projeto de lei que aumenta em US$ 73 bilhões os gastos com esses subsídios em um período de dez anos.
O projeto agora tramita no Senado americano, onde deverá ser modificado. O Orçamento dos EUA para gastos com agricultura já é de US$ 115 bilhões.

Garantia a agricultor
Esse dinheiro é usado para garantir pagamentos aos agricultores quando caem os preços dos produtos ou quando o custo de produção no campo é mais alto do que a cotação das mercadorias no mercado internacional.
A ajuda provoca um excedente de oferta que colabora para derrubar os preços e torna os produtos americanos artificialmente competitivos.
Além disso, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos está preparando medidas para aumentar o protecionismo do país no setor siderúrgico, impondo cotas e tarifas às importações de produtos semi-acabados.
O Brasil exporta US$ 500 milhões por ano em semi-acabados de aço para os Estados Unidos.
Segundo negociadores brasileiros, a União Européia também não tem dado sinais, em suas políticas públicas, de que pretende afrouxar regras rigorosas, como controles fitossanitários, que, na avaliação do governo brasileiro, escondem medidas protecionistas.
Na reunião de Doha, no Qatar, em novembro do ano passado, os países ricos concordaram em eliminar progressivamente os subsídios à exportação agrícola e à produção interna.
Além de oferecer o mesmo tipo de apoio aos agricultores que os Estados Unidos, a União Européia gasta boa parte de seu orçamento agrícola com subsídios à exportação.
Esse tipo de ajuda dá condições para a Europa, menos competitiva, disputar outros mercados com mais vantagens.
Os países ricos ainda oferecem linhas de créditos a importadores com taxas de juros baixas e prazos longos.
Esses países também possuem tarifas de importação que impedem as exportações de muitos produtos brasileiros.
A tarifa para importação do arroz no Japão, por exemplo, chega a 700%.
A de fumo chega a 300% nos Estados Unidos. E a do açúcar, a 350% na Europa.
(CD)



Texto Anterior: Negociações na OMC: Brasil oferece serviços em troca de abertura agrícola
Próximo Texto: Mercados e serviços: Prefixados devem voltar com estabilidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.