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MERCADOS E SERVIÇOS
Com câmbio e inflação sob controle, papel pode ter maior aceitação e melhorar perfil da dívida
Prefixados devem voltar com estabilidade
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo tenta, há pelo menos
quatro anos, ampliar a parcela
dos títulos prefixados na dívida
pública, sem sucesso.
A participação desse papéis já
atingiu 61%, em 1996. No ano seguinte foi a 40,9% e despencou
para 3,5% em 1998, como um reflexo das crises na Ásia, no final de
97, e na Rússia, em 89. Desde então, jamais superou os 16% e chegou a 1,2% em março de 1999,
com a desvalorização do real.
A vantagem em ter uma maior
parte de papéis desse tipo é que
eles possibilitam maior facilidade
de administração do débito.
A despeito de turbulências internas ou externas, o governo saberá quais os valores e prazos de
pagamentos. A correção do título
prefixado é definida no momento
da venda e não está vinculada ao
comportamento futuro dos juros,
de um indicador de inflação ou do
câmbio, como em outros papéis.
Em dezembro de 2001, a participação de prefixados na dívida ficou em 7,82%. Foi a menor desde
maio de 1999 e praticamente a
metade da de dezembro de 2000.
No ano passado, o Tesouro Nacional vinha conseguindo aumentar, levemente, a participação
dos prefixados. Mas essa tendência foi invertida, após as contínuas elevações de juros no Brasil,
de março a julho. O temor era
com a economia dos EUA e com a
deterioração argentina. Em momentos de incerteza, o investidor
prefere papéis atrelados aos juros
ou ao câmbio. Falta a confiança
na estabilidade da economia e os
investidores esperam elevar seus
ganhos apostando numa escalada
dos juros ou do dólar. A demanda
por prefixados fica reduzida ou o
mercado exige um prêmio muito
alto para comprá-los, o que encarece a operação para o governo.
Neste ano, o cenário deverá melhorar. A expectativa é que os juros, hoje em 19% ao ano, comecem a cair neste trimestre, com a
tendência declinante da inflação e
com o comportamento tranquilo
do mercado cambial.
Aliado a um cenário econômico
e político calmo, analistas acreditam que a aceitação de prefixados
pelo mercado será maior.
"A volta dos prefixados já poderia ter ocorrido em 2001, não fossem os atentados aos EUA", diz
Emanuel Pereira da Silva, sócio e
diretor-executivo da GAP Asset
Management. "Neste ano, se não
houver uma nova crise, até o momento improvável, a tendência é
que a aceitação cresça."
Para Marcelo Cypriano, economista do BankBoston, os prefixados voltarão com força ao mercado, mas não haverá mudança sensível em sua participação no perfil
da dívida. "Há grande quantidade
de vencimentos de prefixados no
primeiro semestre."
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