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Governo contrata mais, diz Pastore
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois especialistas em mercado
de trabalho ouvidos pela Folha
consideraram bastante animadora a diminuição do índice de desemprego ocorrida em dezembro,
mesmo tendo ela ocorrido durante uma época do ano em que, normalmente, fatores sazonais empurram a taxa para baixo.
"É uma queda animadora, mas
dificilmente se repetirá nos próximos meses com igual magnitude", afirmou o sociólogo José Pastore, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Para ele, além das contratações temporárias nas áreas de
comércio e serviços, o governo teve um papel decisivo para inflar o
número de postos de trabalho.
Pastore lembrou que vagas
preenchidas em setores nos quais
o Poder Executivo tem ampla
atuação (educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social)
cresceram 4,3% em dezembro de
2005, ante igual período de 2004.
Em números totais, isso significa
que 129 mil pessoas a mais foram
contratadas para atuar nas áreas
citadas acima.
"A lei impede o governo de empregar novas pessoas perto das
eleições, por isso houve uma aceleração das contratações em
2005", afirmou Pastore. "É provável que elas continuem acontecendo nos próximos meses."
O economista da Hélio Zylberstajn, da Universidade de São Paulo, discorda e aponta outro motivo para os bons resultados de dezembro: a desistência dos brasileiros de procurar trabalho. "É
uma conta simples: entre novembro e dezembro houve uma redução de 300 mil pessoas nos registros de desempregados. Em contrapartida, o número de empregados teve um acréscimo de 100
mil indivíduos", ponderou ele.
"Logo, 200 mil deixaram de procurar uma vaga."
Isso pode ter ocorrido, diz, pela
combinação da proximidade das
férias de quem estuda ou está empregado com o fato de mais chefes de família terem conseguido
um posto, o que permitiria a outros parentes desistir de trabalhar.
Pastore e Zylberstajn apontam
como preocupante o aumento
acentuado da renda no mercado
informal. O dado, segundo ambos, leva a crer que cada vez mais
profissionais qualificados estão
sendo empurrados para fora da
legalidade, por conta do alto custo
que representam para empregadores. Eles também estariam tentando diminuir a própria carga
tributária.
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