São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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Governo contrata mais, diz Pastore

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois especialistas em mercado de trabalho ouvidos pela Folha consideraram bastante animadora a diminuição do índice de desemprego ocorrida em dezembro, mesmo tendo ela ocorrido durante uma época do ano em que, normalmente, fatores sazonais empurram a taxa para baixo.
"É uma queda animadora, mas dificilmente se repetirá nos próximos meses com igual magnitude", afirmou o sociólogo José Pastore, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Para ele, além das contratações temporárias nas áreas de comércio e serviços, o governo teve um papel decisivo para inflar o número de postos de trabalho.
Pastore lembrou que vagas preenchidas em setores nos quais o Poder Executivo tem ampla atuação (educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social) cresceram 4,3% em dezembro de 2005, ante igual período de 2004. Em números totais, isso significa que 129 mil pessoas a mais foram contratadas para atuar nas áreas citadas acima.
"A lei impede o governo de empregar novas pessoas perto das eleições, por isso houve uma aceleração das contratações em 2005", afirmou Pastore. "É provável que elas continuem acontecendo nos próximos meses."
O economista da Hélio Zylberstajn, da Universidade de São Paulo, discorda e aponta outro motivo para os bons resultados de dezembro: a desistência dos brasileiros de procurar trabalho. "É uma conta simples: entre novembro e dezembro houve uma redução de 300 mil pessoas nos registros de desempregados. Em contrapartida, o número de empregados teve um acréscimo de 100 mil indivíduos", ponderou ele. "Logo, 200 mil deixaram de procurar uma vaga."
Isso pode ter ocorrido, diz, pela combinação da proximidade das férias de quem estuda ou está empregado com o fato de mais chefes de família terem conseguido um posto, o que permitiria a outros parentes desistir de trabalhar.
Pastore e Zylberstajn apontam como preocupante o aumento acentuado da renda no mercado informal. O dado, segundo ambos, leva a crer que cada vez mais profissionais qualificados estão sendo empurrados para fora da legalidade, por conta do alto custo que representam para empregadores. Eles também estariam tentando diminuir a própria carga tributária.


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