SUZANNE KAPNER
DO "NEW YORK TIMES". EM LONDRES

Talvez tenha sido a garrafa do vinho Château Pétrus safra 1947, a R$ 42 mil. Ou talvez tenha sido a garrafa de um outro vinho da mesma vinícola, mas da safra 1945, a R$ 39 mil. Durante um jantar em um badalado restaurante em Londres, seis executivos do banco de investimentos inglês Barclays Capital gastaram 44 mil libras (R$ 149 mil) em vinhos sofisticados e agora estão sofrendo uma grande ressaca.
Todos, com exceção de um, foram demitidos pelo banco depois do jantar no restaurante Pétrus, que empresta seu nome da vinícola francesa. Por causa do elevado gasto em vinhos, o dono do restaurante nem cobrou a comida, só as bebidas.
No começo, os executivos, que pagaram a conta com o próprio dinheiro, sentiram apenas a dor no bolso. Mas o Barclays, que tenta reduzir os excessivos gastos feitos com clientes, começou a demitir os funcionários um após o outro, quando eles tentaram incluir, secretamente, sua parte da conta do jantar em despesas feitas com clientes.
Mesmo para os padrões dos anos 90, o valor gasto foi considerado excessivo por diretores de bancos. "Até para os níveis de Nova York seria extravagante", afirmou um executivo.
A extravagância ocorreu justamente em um momento em que as instituições financeiras implantam o que alguns classificam como medidas draconianas, ao exigir que funcionários voem na classe econômica em viagens de negócio e ao limitar a verba para entreter clientes -às vezes para algo como R$ 350. O motivo dos cortes é a queda no volume dos negócios causada pela crise nas principais economias do mundo.
Participaram do jantar Dayanandra Kumar, Muhish Chandra e Iftikhar Hyder, do escritório de Londres; Ruth Cove, de Nova York, e outros dois, que não foram identificados. O único a não ser demitido foi Hyder, que era relativamente novo no trabalho e contou sobre o jantar a seus superiores quase imediatamente.


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