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Previsões indicam até PIB negativo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Se as previsões não estiverem
erradas, 2003 será o período de
menor crescimento econômico
do país nos últimos cinco anos: o
PIB (Produto Interno Bruto), cujo
resultado será divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), deve ficar
bem próximo de zero.
Previsões de instituições ouvidas pela Folha variam de taxa negativa de 0,2% a crescimento de
0,3% no ano passado. Deve, portanto, ficar abaixo do 0,13% de
1998, ano em que o país sofreu
forte ajuste externo. Em 2002, a
expansão foi de 1,93%. Nem em
1999 houve resultado tão ruim
-naquele ano o PIB subiu 0,79%.
O desempenho é, segundo especialistas, efeito direto da política
monetária restritiva, de juros altos. "Foi um ano muito ruim. A
taxa Selic chegou a 26,5%, com
forte efeito sobre o nível de atividade econômica", afirma Alexandre Sant'Anna, economista da administradora de recursos ARX.
Para Alexandre Maia, da administradora de recursos GAP, o PIB
só não terá resultado pior porque
a agropecuária crescerá cerca de
5% e as exportações também terão bom desempenho. O que puxou a taxa para baixo, dizem, foi a
indústria.
Ao analisar o comportamento
de 2003, Juan Pedro Jansen, da
Tendências Consultoria, afirmou
que o ano começou muito mal,
com a recessão chegando no primeiro semestre. Melhorou, porém, gradualmente até dezembro.
Tanto é que, no quarto trimestre, as projeções são otimistas. A
Tendências prevê expansão de
0,8% em relação a igual período
de 2002; a GAP prevê alta de 1,5%.
"Foi o preço pago pelo forte
ajuste externo feito no ano passado, etapa que já foi vencida", avalia o economista-chefe do ABN-Real, Mário Mesquita.
Boa parte do crescimento deste
ano, dizem, "já está dada". É que a
base de comparação (2003) será
baixa. Só por isso, o crescimento
seria de, ao menos, 1%, considerando que a economia fique no
mesmo patamar do final de 2003.
Além disso, os economistas esperam uma reação da indústria,
cuja produção caiu em 2003, e do
consumo doméstico. A economia
mundial aquecida, especialmente
nos Estados Unidos e na Ásia,
também vai ajudar a manter as
exportações em alta.
Com tudo isso, eles prevêem expansão do PIB de 3,5% a 4% em
2004, concentrada principalmente a partir do segundo trimestre.
Para Francisco Pessoa, o país
não deve ter forte aquecimento
econômico neste ano. "Será um
movimento uniforme, puxado
pela queda dos juros e pela recuperação da renda devido à inflação menor." A LCA projeta crescimento de 0,1% em 2003. Para
2004, a previsão é de alta de 3,8%.
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