São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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Previsões indicam até PIB negativo

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Se as previsões não estiverem erradas, 2003 será o período de menor crescimento econômico do país nos últimos cinco anos: o PIB (Produto Interno Bruto), cujo resultado será divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), deve ficar bem próximo de zero.
Previsões de instituições ouvidas pela Folha variam de taxa negativa de 0,2% a crescimento de 0,3% no ano passado. Deve, portanto, ficar abaixo do 0,13% de 1998, ano em que o país sofreu forte ajuste externo. Em 2002, a expansão foi de 1,93%. Nem em 1999 houve resultado tão ruim -naquele ano o PIB subiu 0,79%.
O desempenho é, segundo especialistas, efeito direto da política monetária restritiva, de juros altos. "Foi um ano muito ruim. A taxa Selic chegou a 26,5%, com forte efeito sobre o nível de atividade econômica", afirma Alexandre Sant'Anna, economista da administradora de recursos ARX.
Para Alexandre Maia, da administradora de recursos GAP, o PIB só não terá resultado pior porque a agropecuária crescerá cerca de 5% e as exportações também terão bom desempenho. O que puxou a taxa para baixo, dizem, foi a indústria.
Ao analisar o comportamento de 2003, Juan Pedro Jansen, da Tendências Consultoria, afirmou que o ano começou muito mal, com a recessão chegando no primeiro semestre. Melhorou, porém, gradualmente até dezembro.
Tanto é que, no quarto trimestre, as projeções são otimistas. A Tendências prevê expansão de 0,8% em relação a igual período de 2002; a GAP prevê alta de 1,5%.
"Foi o preço pago pelo forte ajuste externo feito no ano passado, etapa que já foi vencida", avalia o economista-chefe do ABN-Real, Mário Mesquita.
Boa parte do crescimento deste ano, dizem, "já está dada". É que a base de comparação (2003) será baixa. Só por isso, o crescimento seria de, ao menos, 1%, considerando que a economia fique no mesmo patamar do final de 2003.
Além disso, os economistas esperam uma reação da indústria, cuja produção caiu em 2003, e do consumo doméstico. A economia mundial aquecida, especialmente nos Estados Unidos e na Ásia, também vai ajudar a manter as exportações em alta.
Com tudo isso, eles prevêem expansão do PIB de 3,5% a 4% em 2004, concentrada principalmente a partir do segundo trimestre.
Para Francisco Pessoa, o país não deve ter forte aquecimento econômico neste ano. "Será um movimento uniforme, puxado pela queda dos juros e pela recuperação da renda devido à inflação menor." A LCA projeta crescimento de 0,1% em 2003. Para 2004, a previsão é de alta de 3,8%.


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