São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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TRABALHO

Salários têm recuperação de 3% em 2003 com inflação menor e reajustes; desocupação é recorde para janeiro

Renda volta a subir em SP após seis anos

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de seis anos em queda, o rendimento médio dos ocupados melhorou em 2003 na região metropolitana de São Paulo. Em dezembro do ano passado, correspondia a R$ 984 -3% a mais do que o valor pago em igual mês de 2002, quando era R$ 956.
O resultado foi apontado pela pesquisa de emprego e desemprego, realizada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos).
"O controle da inflação, aliado à conquista de reajustes salariais melhores no segundo semestre de 2003, permitiu essa "pequena" recuperação", diz Paula Montagner, gerente de análises e estudos da Seade. "Mas [o resultado] está bem abaixo dos valores pagos em 2001 [em dezembro, a média foi equivalente a R$ 1.048]."
A recuperação nos salários foi melhor em 2003 na indústria: houve ganho de 7,1% nos rendimentos de dezembro de 2003 na comparação com igual mês de 2002 -os salários passaram de R$ 1.044 para R$ 1.118.
"Os trabalhadores do setor industrial com data-base no último trimestre do ano conseguiram repor integralmente as perdas da inflação em seus acordos salariais, ao contrário daqueles que negociarem seus reajustes nos primeiros seis meses do ano", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.
Apesar dos resultados positivos verificados em dezembro, os técnicos ressaltam que a renda está em queda desde 1996 e que os ganhos obtidos no ano passado estão longe de recuperar o poder de compra do trabalhador da Grande São Paulo. No período, a renda média dos ocupados caiu 33%, informam as instituições.
"A renda não vai melhorar de um ano para o outro. Mesmo que haja crescimento econômico e criação de postos de trabalho, não significa que haverá necessariamente aumento de salário", diz a gerente da Fundação Seade. Isso porque, explica, com o desemprego elevado, as empresas podem optar por fazer contratações com salários mais baixos.

Desemprego deve aumentar
A taxa de desemprego na região metropolitana ficou estável em janeiro na comparação com dezembro de 2003. Mas a taxa de desocupação de 19,1% da PEA (população economicamente ativa) foi a maior registrada para o mês de janeiro desde 1985, quando a pesquisa começou a ser feita.
"É um mau sinal começar um ano com taxa recorde. A situação tende a se agravar nos próximos meses, quando tradicionalmente há fechamento de postos de trabalho", diz Paula Montagner.
As centrais sindicais reivindicam a redução da jornada de trabalho, como alternativa para a criação de vagas e diminuição do desemprego. Para o Dieese, a medida não garante necessariamente a criação de novas vagas. "Com a redução da jornada, a geração de emprego pode ficar aquém do que se espera. Além disso, nem sempre o impacto é imediato", diz o diretor do Dieese.


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