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TRABALHO
Salários têm recuperação de 3% em 2003 com inflação menor e reajustes; desocupação é recorde para janeiro
Renda volta a subir em SP após seis anos
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de seis anos em queda, o
rendimento médio dos ocupados
melhorou em 2003 na região metropolitana de São Paulo. Em dezembro do ano passado, correspondia a R$ 984 -3% a mais do
que o valor pago em igual mês de
2002, quando era R$ 956.
O resultado foi apontado pela
pesquisa de emprego e desemprego, realizada pela Fundação Seade
(Sistema Estadual de Análise de
Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estudos
Sócio-Econômicos).
"O controle da inflação, aliado à
conquista de reajustes salariais
melhores no segundo semestre de
2003, permitiu essa "pequena" recuperação", diz Paula Montagner,
gerente de análises e estudos da
Seade. "Mas [o resultado] está
bem abaixo dos valores pagos em
2001 [em dezembro, a média foi
equivalente a R$ 1.048]."
A recuperação nos salários foi
melhor em 2003 na indústria:
houve ganho de 7,1% nos rendimentos de dezembro de 2003 na
comparação com igual mês de
2002 -os salários passaram de
R$ 1.044 para R$ 1.118.
"Os trabalhadores do setor industrial com data-base no último
trimestre do ano conseguiram repor integralmente as perdas da
inflação em seus acordos salariais,
ao contrário daqueles que negociarem seus reajustes nos primeiros seis meses do ano", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico
do Dieese.
Apesar dos resultados positivos
verificados em dezembro, os técnicos ressaltam que a renda está
em queda desde 1996 e que os ganhos obtidos no ano passado estão longe de recuperar o poder de
compra do trabalhador da Grande São Paulo. No período, a renda
média dos ocupados caiu 33%, informam as instituições.
"A renda não vai melhorar de
um ano para o outro. Mesmo que
haja crescimento econômico e
criação de postos de trabalho, não
significa que haverá necessariamente aumento de salário", diz a
gerente da Fundação Seade. Isso
porque, explica, com o desemprego elevado, as empresas podem
optar por fazer contratações com
salários mais baixos.
Desemprego deve aumentar
A taxa de desemprego na região
metropolitana ficou estável em janeiro na comparação com dezembro de 2003. Mas a taxa de desocupação de 19,1% da PEA (população economicamente ativa)
foi a maior registrada para o mês
de janeiro desde 1985, quando a
pesquisa começou a ser feita.
"É um mau sinal começar um
ano com taxa recorde. A situação
tende a se agravar nos próximos
meses, quando tradicionalmente
há fechamento de postos de trabalho", diz Paula Montagner.
As centrais sindicais reivindicam a redução da jornada de trabalho, como alternativa para a
criação de vagas e diminuição do
desemprego. Para o Dieese, a medida não garante necessariamente
a criação de novas vagas. "Com a
redução da jornada, a geração de
emprego pode ficar aquém do
que se espera. Além disso, nem
sempre o impacto é imediato",
diz o diretor do Dieese.
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