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Só Bovespa supera inflação em fevereiro
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo subiu 1,68% em fevereiro
e voltou a liderar o ranking
mensal das aplicações financeiras, apesar da instabilidade nos
mercados. O investimento em
ações foi o único no país a superar a inflação no período.
A inflação pelo IGP-M, único
índice de preços já fechado em
fevereiro, foi de 1,18% -maior
variação desde julho de 2008. O
índice tem 60% de seu peso nos
preços ao produtor, que sente
primeiro a pressão por reajustes de insumos e materiais.
Nenhuma aplicação, além da
Bolsa, deve superar a variação
do IPCA, que mede os preços
pagos pelo consumidor. A previsão do mercado é que o índice
suba 0,78% em fevereiro.
O IPCA, que baliza a meta de
inflação de 4,5% do BC, deve
superar os fundos DI e os de
renda fixa, que terão rendimento médio bruto estimado
de 0,62% e de 0,75%.
"O investidor está em uma situação muito difícil. Nenhuma
aplicação protegeu contra a inflação em fevereiro; só a Bolsa,
mas não é todo mundo que tem
estômago para risco. A Bolsa
superou, mas ficou na linha d'água, tanto poderia ter subido
quanto caído. Continuo achando muito arriscado investir na
Bolsa neste momento. A inflação é uma realidade, e isso só
aumenta a pressão para o Banco Central elevar os juros", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos.
Mais uma vez, a poupança
encerrou o mês com retorno líquido de 0,5%, fato que só deve
mudar quando o BC voltar a subir os juros, o que deve ocorrer
entre março e abril, segundo
analistas. Os CDBs tiveram um
rendimento de 0,59% no mês.
Após subir 8,15% em janeiro,
o dólar comercial caiu 4,14%
em fevereiro em relação ao real.
A situação do euro, que está no
centro da crise da dívida na Europa, é ainda pior: teve queda
de 5,24% ante o real, segundo o
BC. O ouro recuou 1,2%.
Instabilidade
Para março, os analistas preveem mais instabilidade nos
mercados, com o humor do investidor flutuando segundo a
leitura de indicadores sobre o
endividamento público na Europa e sobre a recuperação da
atividade econômica nos EUA e
na China. "Vamos continuar vivendo uma gangorra, dependendo dos indicadores", disse
Newton Rosa, economista da
Sul América Investimentos.
Para Osmar Camilo, analista
da corretora Socopa, a Bolsa
brasileira só deve avançar mais
com a entrada de recursos dos
investidores estrangeiros, movimento que ocorre quando diminui a aversão ao risco nos
mercados. "A gente teve um
mês bastante tumultuado e os
problemas não foram resolvidos. Mas saiu a indicação de
que a União Europeia não vai
deixar as economias mais fracas afundarem. A Bolsa resistiu
bem a isso, mas a gente só vai
ter um rali quando os estrangeiros voltarem", disse.
Ontem, a Bolsa teve alta de
0,58%. O dólar comercial caiu
1,31% e encerrou a R$ 1,807.
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