São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Só Bovespa supera inflação em fevereiro

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 1,68% em fevereiro e voltou a liderar o ranking mensal das aplicações financeiras, apesar da instabilidade nos mercados. O investimento em ações foi o único no país a superar a inflação no período.
A inflação pelo IGP-M, único índice de preços já fechado em fevereiro, foi de 1,18% -maior variação desde julho de 2008. O índice tem 60% de seu peso nos preços ao produtor, que sente primeiro a pressão por reajustes de insumos e materiais.
Nenhuma aplicação, além da Bolsa, deve superar a variação do IPCA, que mede os preços pagos pelo consumidor. A previsão do mercado é que o índice suba 0,78% em fevereiro.
O IPCA, que baliza a meta de inflação de 4,5% do BC, deve superar os fundos DI e os de renda fixa, que terão rendimento médio bruto estimado de 0,62% e de 0,75%.
"O investidor está em uma situação muito difícil. Nenhuma aplicação protegeu contra a inflação em fevereiro; só a Bolsa, mas não é todo mundo que tem estômago para risco. A Bolsa superou, mas ficou na linha d'água, tanto poderia ter subido quanto caído. Continuo achando muito arriscado investir na Bolsa neste momento. A inflação é uma realidade, e isso só aumenta a pressão para o Banco Central elevar os juros", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos.
Mais uma vez, a poupança encerrou o mês com retorno líquido de 0,5%, fato que só deve mudar quando o BC voltar a subir os juros, o que deve ocorrer entre março e abril, segundo analistas. Os CDBs tiveram um rendimento de 0,59% no mês.
Após subir 8,15% em janeiro, o dólar comercial caiu 4,14% em fevereiro em relação ao real. A situação do euro, que está no centro da crise da dívida na Europa, é ainda pior: teve queda de 5,24% ante o real, segundo o BC. O ouro recuou 1,2%.

Instabilidade
Para março, os analistas preveem mais instabilidade nos mercados, com o humor do investidor flutuando segundo a leitura de indicadores sobre o endividamento público na Europa e sobre a recuperação da atividade econômica nos EUA e na China. "Vamos continuar vivendo uma gangorra, dependendo dos indicadores", disse Newton Rosa, economista da Sul América Investimentos.
Para Osmar Camilo, analista da corretora Socopa, a Bolsa brasileira só deve avançar mais com a entrada de recursos dos investidores estrangeiros, movimento que ocorre quando diminui a aversão ao risco nos mercados. "A gente teve um mês bastante tumultuado e os problemas não foram resolvidos. Mas saiu a indicação de que a União Europeia não vai deixar as economias mais fracas afundarem. A Bolsa resistiu bem a isso, mas a gente só vai ter um rali quando os estrangeiros voltarem", disse.
Ontem, a Bolsa teve alta de 0,58%. O dólar comercial caiu 1,31% e encerrou a R$ 1,807.


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