São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Setor industrial também exige desconto no produto já contratado

DA SUCURSAL DO RIO

No meio do embate entre a Petrobras e as distribuidoras, o setor industrial se coloca ao lado das empresas que comercializam o gás ao pleitear um desconto no produto já contratado -e não apenas no excedente. Faz, porém, uma ressalva: o desconto dos leilões não é ainda repassado integralmente pelas distribuidoras.
Ricardo Lima, presidente da Abrace (grandes consumidores de energia), diz que os leilões já são um avanço especialmente após os ajustes recentes da Petrobras -que passou a dar desconto no preço de contrato proporcional ao volume excedente comprado pelas distribuidoras.
Mas é pouco, diz. Melhor seria, segundo ele, a estatal ter uma "política de redução do preço do gás de longo prazo", capaz de devolver a competitividade das indústrias intensivas no uso do gás (vidro, cerâmica, química e outras).
Para Lima, existe um problema de fundo que envolve o modelo do setor de gás no Brasil: de um lado, as distribuidoras têm um mercado cativo, e, de outro, a Petrobras tem o "quase" monopólio da produção e do transporte do gás -mais de 90% em ambos os casos.
Por isso, a Abrace levou o caso à Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) e à SDE (Secretaria de Direito Econômico) com o objetivo de conseguir do governo regras tarifárias claras. "É que a oferta e a política de preços não podem ser definidas por um único produtor [a Petrobras]."
De acordo com Lima, um problema adicional é o fato de os descontos dos leilões não chegarem imediatamente aos consumidores, pois o preço menor "se dilui" entre o gás destinado a outras fontes de consumo (residencial, comercial e veicular) e precisa ainda da autorização das agências reguladoras dos Estados.
Até uma definição, os setores altamente dependentes do gás -como vidro, cerâmica e ramos da indústria química- padecem e perdem mercado no exterior por causa do custo maior do insumo, afirma Lucien Belmonte, superintendente da Abividro.
O preço no Brasil, diz, é o segundo mais alto do mundo: perde apenas para a Coreia -que não produz nem óleo nem gás. (PS)


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