São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Petrobras pode emitir ações PN

Capitalização com papéis sem direito a voto é alternativa a proposta no Congresso

Proposta permite à estatal obter recursos sem diluir a participação da União, acionista majoritária e detentora de ações ordinárias


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Pressionada pela agenda do Congresso, a Petrobras estuda levantar dinheiro na Bolsa apenas com a emissão de ações preferenciais (sem voto), que hoje estão em poder dos minoritários do mercado, caso não seja aprovada a tempo a proposta de usar as reservas do pré-sal de posse da União.
A proposta permite à estatal obter recursos sem diluir a participação da União, acionista majoritária da companhia e detentora de ações ordinárias (com voto). Se abrir também para ações ordinárias, o controle estatal -previsto na Lei do Petróleo- estaria sob risco.
Por outro lado, joga a conta da capitalização para os minoritários, que serão diluídos.
Segundo Alexandre Quintão, gerente de Relações com Investidores da estatal, a proposta é uma das poucas alternativas. O executivo disse que a capitalização por meio de novas ações é "indispensável" neste ano.
Dois são os motivos: a companhia tem de ampliar seu patrimônio para poder tomar mais dívidas e manter a atual taxa de alavancagem (de 35%, teto estabelecido pelo conselho de administração) e precisa de recursos para investimentos.
O plano prevê investimentos de R$ 88 bilhões somente em 2010. Até 2014, precisará de um valor entre US$ 200 bilhões e US$ 220 bilhões, dependendo da capitalização.
Com a atual estrutura de capital, diz Quintão, a Petrobras não pode emitir bônus ou lançar mão de nenhuma outra forma de captação sem colocar em risco o plano de investimentos. "Não queremos perder a nossa nota de investimento. Essa é uma das nossas premissas. Por isso, a capitalização tem de ser feita neste ano."
Pela proposta em tramitação no Congresso, a União, controladora da Petrobras e dona de 40% do seu capital total e de 51% do capital votante, vai ceder reservas do pré-sal de sua propriedade à estatal.
A Petrobras estima que terá de levantar no mercado entre R$ 15 bilhões e R$ 25 bilhões para concluir seu plano de investimentos. Boa parte dos recursos deve vir da capitalização -a expectativa é que seja realizada em julho.
A proposta de emitir ação PN desagradou ao mercado, que derrubou ainda mais as ações. Ontem, os papéis PN recuaram 1,99% e os ON, 0,51%.


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