São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Brasil é o 6º maior investidor na área de energia renovável

Em 5 anos, país foi um dos que mais elevaram investimento, com alta de 148%, diz relatório

Mais de 60% dos recursos destinados a energia limpa no país foram para a produção de álcool; no ranking global, China tira EUA da liderança


NATÁLIA PAIVA
DA REDAÇÃO

No ranking global dos maiores investidores em energia renovável, a China desbancou os EUA da liderança e o Brasil apareceu como o sexto maior em 2009, de acordo com dados do relatório "Who's Winning the Clean Energy Race?" [Quem está vencendo a corrida pela energia limpa], divulgado anteontem pela fundação americana Pew Charitable Trusts.
Globalmente, o investimento em energias renováveis mais do que dobrou nos últimos cinco anos -a despeito da queda de 6,6% no ano passado, reflexo direto da crise econômica.
Seguindo as diretrizes de Pequim -que vê na área uma forma de gerar empregos e fomentar uma nova indústria-, a China investiu R$ 34 bilhões em energia renovável no ano passado, quase o dobro dos EUA (US$ 18,6 bilhões), país que enfrenta dificuldades em aprovar legislação específica no Congresso. No Brasil, US$ 7,4 bilhões foram para a área, mas se estima que ao menos a metade tenha ido para biocombustível.
Nos últimos cinco anos, o Brasil foi um dos que mais cresceram (148% de alta, mesma taxa que a China), mas 62% dos investimentos no período foram para a indústria do álcool. "Em eólica, o investimento poderia ser bem maior. E, enquanto na China o uso de energia solar para aquecer água já é bastante grande, aqui é praticamente negligenciado", diz o físico da USP José Goldemberg, um dos pais do Proálcool.
A energia eólica, setor dominante na maioria dos países, foi foco de 12% dos aportes realizados no Brasil entre 2005 e 2009. Mas, segundo a consultoria Bloomberg New Energy Finance -que compilou os dados para a Pew-, o montante investido na fonte cresceu 140% entre 2008 e 2009 e passou a representar 25% dos aportes em energias renováveis.
Os investimentos em eólica devem crescer ainda mais neste e no próximo ano, reflexo do primeiro leilão específico (realizado em dezembro) e do leilão de fontes renováveis programado para o meio do ano.
A Bioenergy, uma das vencedoras do leilão e a primeira a vender energia eólica no mercado livre, pretende contratar 300 MW no próximo certame e, até o fim do ano, ter em mãos o desenho final de sua primeira usina eólico-solar. O modelo de venda da energia produzida a partir do calor ainda está em estudo. "Seria uma forma de investir em tecnologia e sair na frente", diz Sergio Marques, presidente da empresa.


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