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Impressão sustentável avança em jornais
Reciclagem de papel ganha mais espaço; Grupo Folha prioriza aquisição de produto com certificação internacional
Atenta à demanda da sociedade de respeito ao ambiente, produção de papel consome cada vez menos recursos naturais
DA REDAÇÃO
Pressionada pelos custos de
fabricação e pelas demandas da
sociedade, mais exigente quanto à sustentabilidade ambiental, a produção de papel usado
pelos jornais consome cada vez
menos recursos naturais.
Mais empresas de comunicação priorizam fontes consideradas ecologicamente corretas
-papel originado de reciclagem e de projetos certificados
com manejo sustentável, em
que selos de auditoria ambiental atestam impacto mínimo
sobre a natureza. Nesses projetos, a produção de papel vem de
cultivos planejados, com replantio permanente de árvores.
O papel-jornal pode ser considerado um "subproduto". O
tronco, parte mais nobre das
árvores, destina-se à indústria
da construção. O "newsprint",
o papel para a impressão de jornais, vem de galhos e pedaços
menores que não servem à fabricação de móveis. Também
demanda menos celulose que
outros tipos de papel. Para cada
tonelada de "newsprint",
usam-se recursos de 15 árvores
-cerca de 2,5 toneladas.
Na avaliação da gerência de
desenvolvimento de produto
da Norske Skog, um dos principais fornecedores do papel-jornal do país, a tecnologia de reciclagem está totalmente desenvolvida, tem a mesma qualidade do papel obtido a partir das
fibras virgens e representa o futuro do "newsprint".
Madeira, água e energia
O processo de fibras virgens
requer madeira, água e energia
-três recursos que se tornam a
cada dia mais escassos e caros.
Atualmente, são necessários de
25 m3 a 30 m3 de água para produzir uma tonelada de papel-jornal, metade do que era usado há 20 anos.
Na reciclagem, a indústria de
papel recorre a processos termomecânicos em que o uso de
produtos químicos é limitado.
Quando a tinta de impressão
for biodegradável -o que se
prevê para os próximos dez
anos-, esse processo se tornará ainda mais limpo.
O consumo da energia dá outra vantagem à reciclagem. A
"polpação" -habilitar o produto recuperado para novo uso
como papel-jornal- exige até
0,4 megawatt-hora por tonelada. No caso de fibras virgens,
são 2,5 MWh/t. Com as demais
etapas da fabricação, são 3
MWh/t. Número superado só
pelo processamento de alumínio, que demanda 3,5 MWh/t.
Por isso, a indústria tem a
preocupação de adquirir energia de fontes renováveis. No
Canadá, as empresas investem
em pequenas centrais hidrelétricas. Na Europa e no Chile, a
cogeração própria é frequente.
Na cadeia de sustentabilidade,
cascas de madeira são aproveitadas para gerar energia.
Certificação
A Folha busca adquirir papel
de empresas que adotem compromissos ambientais firmes,
verificáveis por meio da certificação FSC (Conselho de Manejo Florestal, na sigla em inglês).
O papel que o jornal usa -50
mil toneladas por ano- vem do
Canadá (60%), da Europa e do
Chile (os outros 40%).
O produto da América do
Norte basicamente se constitui
de 85% de fibras virgens e 15%
de recicladas. No "newsprint"
da Europa, a proporção é inversa -85% vêm da reciclagem.
Desde o seu início, em 1995,
o CTG-F (Centro Tecnológico
Gráfico-Folha), em Santana de
Parnaíba (SP), trata os efluentes -prática obrigatória para
os fornecedores de papel. O
CTG-F faz ainda coleta seletiva
e a destina à indústria de papel,
que a aproveita como embalagens e papel absorvente.
O mais recente Relatório de
Responsabilidade Social da
ANJ (Associação Nacional de
Jornais) mostrou que 75% das
publicações tinham programas
de reciclagem e tratamento industrial, sendo que 57% contavam com projetos mais amplos, reciclando resíduos gerados por todos os setores da empresa de comunicação.
Em contrapartida, apenas
43% exigiam certificado de origem do papel de impressão.
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