São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Impressão sustentável avança em jornais

Reciclagem de papel ganha mais espaço; Grupo Folha prioriza aquisição de produto com certificação internacional

Atenta à demanda da sociedade de respeito ao ambiente, produção de papel consome cada vez menos recursos naturais


DA REDAÇÃO

Pressionada pelos custos de fabricação e pelas demandas da sociedade, mais exigente quanto à sustentabilidade ambiental, a produção de papel usado pelos jornais consome cada vez menos recursos naturais.
Mais empresas de comunicação priorizam fontes consideradas ecologicamente corretas -papel originado de reciclagem e de projetos certificados com manejo sustentável, em que selos de auditoria ambiental atestam impacto mínimo sobre a natureza. Nesses projetos, a produção de papel vem de cultivos planejados, com replantio permanente de árvores.
O papel-jornal pode ser considerado um "subproduto". O tronco, parte mais nobre das árvores, destina-se à indústria da construção. O "newsprint", o papel para a impressão de jornais, vem de galhos e pedaços menores que não servem à fabricação de móveis. Também demanda menos celulose que outros tipos de papel. Para cada tonelada de "newsprint", usam-se recursos de 15 árvores -cerca de 2,5 toneladas.
Na avaliação da gerência de desenvolvimento de produto da Norske Skog, um dos principais fornecedores do papel-jornal do país, a tecnologia de reciclagem está totalmente desenvolvida, tem a mesma qualidade do papel obtido a partir das fibras virgens e representa o futuro do "newsprint".

Madeira, água e energia
O processo de fibras virgens requer madeira, água e energia -três recursos que se tornam a cada dia mais escassos e caros. Atualmente, são necessários de 25 m3 a 30 m3 de água para produzir uma tonelada de papel-jornal, metade do que era usado há 20 anos.
Na reciclagem, a indústria de papel recorre a processos termomecânicos em que o uso de produtos químicos é limitado. Quando a tinta de impressão for biodegradável -o que se prevê para os próximos dez anos-, esse processo se tornará ainda mais limpo.
O consumo da energia dá outra vantagem à reciclagem. A "polpação" -habilitar o produto recuperado para novo uso como papel-jornal- exige até 0,4 megawatt-hora por tonelada. No caso de fibras virgens, são 2,5 MWh/t. Com as demais etapas da fabricação, são 3 MWh/t. Número superado só pelo processamento de alumínio, que demanda 3,5 MWh/t.
Por isso, a indústria tem a preocupação de adquirir energia de fontes renováveis. No Canadá, as empresas investem em pequenas centrais hidrelétricas. Na Europa e no Chile, a cogeração própria é frequente. Na cadeia de sustentabilidade, cascas de madeira são aproveitadas para gerar energia.

Certificação
A Folha busca adquirir papel de empresas que adotem compromissos ambientais firmes, verificáveis por meio da certificação FSC (Conselho de Manejo Florestal, na sigla em inglês).
O papel que o jornal usa -50 mil toneladas por ano- vem do Canadá (60%), da Europa e do Chile (os outros 40%).
O produto da América do Norte basicamente se constitui de 85% de fibras virgens e 15% de recicladas. No "newsprint" da Europa, a proporção é inversa -85% vêm da reciclagem.
Desde o seu início, em 1995, o CTG-F (Centro Tecnológico Gráfico-Folha), em Santana de Parnaíba (SP), trata os efluentes -prática obrigatória para os fornecedores de papel. O CTG-F faz ainda coleta seletiva e a destina à indústria de papel, que a aproveita como embalagens e papel absorvente.
O mais recente Relatório de Responsabilidade Social da ANJ (Associação Nacional de Jornais) mostrou que 75% das publicações tinham programas de reciclagem e tratamento industrial, sendo que 57% contavam com projetos mais amplos, reciclando resíduos gerados por todos os setores da empresa de comunicação.
Em contrapartida, apenas 43% exigiam certificado de origem do papel de impressão.


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