São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Cemig entrará na construção de Belo Monte

Estatal quer comprar fatia de 10% no consórcio que vencer o leilão; Funcef e Petros também não descartam estratégia

Possibilidade de comprar participação na construção da usina foi inicialmente pensada para encaixar Eletrobras no consórcio


LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Cemig, estatal mineira de energia, quer garantir sua presença na usina de Belo Monte, no Pará, independentemente de quem ganhar o leilão. Para isso, a companhia não vai se associar a nenhum dos consórcios que disputam a hidrelétrica, mas oferecer participação de 10% ao ganhador do leilão.
A informação, dada pelo diretor de relações com investidores da companhia, Luiz Fernando Rolla, a analistas do mercado, foi confirmada por sua assessoria de imprensa.
O edital de venda de Belo Monte, que permite a entrada de sócios estratégicos após o resultado do leilão, foi costurado pelo governo para permitir que a Eletrobras adotasse a estratégia. O plano inicial vislumbrava a associação da holding ao consórcio vencedor após a licitação, sem necessidade de desmembramento da estatal nos consórcios por meio das subsidiárias. A estratégia foi apelidada de "modelo noiva".
O Ministério de Minas e Energia voltou atrás após a pressão das empresas com quem a Eletrobras costurava parceria, que insistiam que essa estratégia enfraquecia financeiramente os consórcios.
A diferença é que a Eletrobras entrará com participação entre 40% e 49%, fatia muito grande para ficar na incerteza, enquanto a Cemig pretende deter apenas 10% da concessão.
O governo acabou optando então por dividir as quatro subsidiárias da Eletrobras (Eletronorte, Furnas, Chesf e Eletrosul) nos dois consórcios.
Esse "modelo noiva" não está descartado, porém, para os fundos de pensão ligados às estatais, como Funcef (Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobras), que também já manifestaram publicamente interesse em participar da construção de Belo Monte.
O governo ordenou que os fundos de previdência garantam parcerias em novos consórcios, tanto costurando parceria para a disputa quanto entrando posteriormente.
Atualmente a Funcef já estaria em negociação para entrar no grupo liderado pela Camargo Corrêa e pela Odebrecht (que teria também a participação da CPFL), e a Petros está inclinada a costurar a parceria com o consórcio liderado pela Andrade Gutierrez (que conta com Vale, Neoenergia, Braskem e Votorantim).
Mas os dois fundos, que ainda não selaram seu destino, também cogitam oferecer cada um entre 5% e 10% de participação ao grupo vencedor, segundo executivo próximo às negociações. Funcef e Petros foram procurados, mas não deram resposta até o fechamento desta edição.
O leilão de Belo Monte está previsto para o dia 20 de abril. A usina será a segunda maior hidrelétrica do Brasil, atrás apenas de Itaipu, com capacidade de geração de 11 mil megawatts e com início de operação previsto para 2015.
Vence a licitação quem oferecer o menor preço pela energia produzida. O teto é de R$ 83 por megawatt-hora na licitação, acima dos R$ 68 calculados anteriormente, com aumento do custo da obra de R$ 16 bilhões para R$ 19 bilhões. Estimativas do governo são que o preço do megawatt-hora no leilão de Belo Monte fique abaixo de R$ 78.


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