São Paulo, sábado, 27 de maio de 2000


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DESENVOLVIMENTO
Para presidente do BNDES, "má vontade" atrasa processo
Judiciário pára privatização, diz Gros

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Francisco Gros, criticou o Judiciário por estar "empacando" o processo de privatizações e, com isso, contribuindo para acentuar as vulnerabilidades do país. A afirmação foi feita ontem, durante palestra na Associação Comercial do Rio.
"Enquanto nossas vulnerabilidades não forem atacadas, o ente econômico continuará com altas taxas de juros. Ainda temos muitas privatizações para fazer e elas começam a empacar por uma má vontade do Judiciário. Cada dia surge uma liminar contra a privatização A ou a privatização B."
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alcides Tápias, que também esteve na Associação Comercial, disse que, na questão das privatizações, o governo deve se submeter às decisões da Justiça.
"As questões judiciais são tratadas no âmbito do poder Judiciário. Cabe a nós a competência e a maneira de justificar nossos atos, e as decisões que tenhamos encaminhado, e nos submetermos às decisões do Judiciário."

Globalização
Gros afirmou também que o BNDES quer preservar alguns grandes "players" nacionais para competir no mercado internacional. Segundo ele, o país não tem empresas para competir no mundo globalizado. Ele teme que, caso não sejam criadas grandes empresas, "as nossas pequenas empresas sejam absorvidas pelas grandes internacionais".
"Eu bato palmas para a criação da Ambev, que se estabelecer sem o apoio do governo, e para o grupo Ultra, que se reestruturou com o apoio do governo."
O presidente do BNDES afirmou que dentro de duas semanas a instituição passará por uma mudança no seu planejamento estratégico, com o objetivo de dar mais apoio ao capital nacional e torná-lo competitivo na economia globalizada. Na avaliação dele, o Brasil ainda necessita de capital estrangeiro para manter a poupança interna. Ele disse que a idéia de competitividade das empresas é primordial, mas não ocorre do dia para a noite.
"É preciso reformas para igualar o capital nacional ao dos países mais desenvolvidos. É uma limitação de crescimento porque o Brasil não tem como se sustentar sozinho." Segundo Gros, para que o país se sustente é preciso ter uma política de exportação, redução do déficit em conta corrente, realização das reformas estruturais e redução do tamanho do Estado "para que haja aumento dos investimentos no setor privado".


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