UOL


São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Banco Central diz que não vai abandonar o mercado de hedge

Governo segue sem intervir no câmbio, afirma Palocci

SANDRA MANFRINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse ontem que o BC manterá o propósito de não intervir no câmbio. Segundo ele, a decisão do BC de não fazer a rolagem integral da dívida pública denominada em dólar, que gerou alta da moeda dos EUA, não é um movimento novo, mas a continuidade de uma política que já vinha sendo colocada em prática.
"Nós permanecemos em uma decisão já anunciada para o país, e confirmada hoje, no sentido de não realizar intervenções no câmbio. Não nos parece necessário nem correto fazer isso neste momento. Isso só se justifica, no nosso entendimento, em situações de extremidade, que não é a situação que vivemos", afirmou.
De acordo com o ministro, "o que o BC realizou hoje [ontem] foi um movimento que já vem realizando desde os primeiros dias do ano, de não rolar todo título cambial que vence". O objetivo, segundo Palocci, é "reduzir progressivamente, com critérios de mercado, sem surpresas e sem mágicas, o endividamento cambial do país".
Ele afirmou que o BC não trabalha com uma meta de redução para a dívida cambial. "Isso depende das condições nas quais a economia brasileira evoluir", disse.
O ministro disse ainda que, em uma situação econômica melhor, o próprio mercado privado dá conta da demanda por proteção cambial. "Aquilo que for necessário o Banco Central não deixará de fazer. O Banco Central não está se retirando desses papéis."

A medida
O BC anunciou que, a partir de agora, será reduzido o volume de operações pelas quais oferece ao mercado proteção contra variações cambiais.
Trata-se da venda de títulos públicos corrigidos pela variação do câmbio e das aplicações no chamado swap cambial -uma modalidade de negócio em que o BC assume os riscos que uma desvalorização do real pode trazer a um investidor.
Essas operações permitem que investidores apostem na alta do dólar ou se protejam de seus efeitos sem a necessidade de comprar diretamente a moeda americana. Com a redução do volume das operações, a tendência é que a procura por dólar aumente.
O BC intensificou o uso de títulos e swaps cambiais no ano passado, quando tentava impedir a disparada do dólar. Agora, a instituição não vai garantir mais a renovação, ou rolagem, de 100% das operações.


Texto Anterior: Cavalo-de-pau: BC atua, e dólar tem a maior alta do ano
Próximo Texto: "Anúncio não deveria ser feito durante pregão"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.