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Mercado já aguardava
ação, mas reage mal
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A mudança na política cambial
do Banco Central fez o dólar subir
3,87% ontem e fechar cotado a R$
3,03. Foi a maior alta do dólar neste ano. Antes, a maior alta em um
dia havia ocorrido no dia 9 de outubro do ano passado.
A medida já era esperada e recomendada pelos economistas de
bancos. Entretanto, gerou um aumento na procura por dólares. Segundo operadores, apesar de o BC
dizer que a mudança tem como
único objetivo melhorar o perfil
da dívida do governo, e "não estabelecer metas para a taxa de câmbio", eles não acreditam que a cotação do dólar continue a cair
muito a partir de agora.
Além disso, a redução dos contratos cambiais do governo geram
uma diminuição da oferta de
"hedge" (proteção contra oscilação do câmbio) no mercado, o
que também gerou pressão na cotação. Isso mesmo após o BC dizer que vai continuar a desempenhar o papel de provedor de proteção cambial, já que "o mercado
ainda não desenvolveu todo o seu
potencial para que o setor privado
desempenhe esse papel".
Como ontem era feriado nos
EUA (Memorial Day), os operadores disseram que o volume de
negócios foi reduzido, o que pode
ter causado um impacto maior na
cotação.
Apesar da alta, os economistas
acreditam que a medida é positiva
e deverá ser "absorvida" no mercado de câmbio.
"Toda primeira reação é ruim,
mas o benefício é mais amplo e favorável. Em 2000 [quando o BC
tomou decisão semelhante], a primeira reação também foi negativa, mas depois, com a melhora de
fundamentos, o mercado tende a
voltar e assimilar melhor a medida", acredita Aquiles Mosca, do
ABN Amro Asset Management.
"O mercado sempre vai especular em cima de qualquer decisão
do BC. E a pouca liquidez de hoje
favorece esse movimento", disse
Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimentos.
Medida correta
Segundo analistas, com a queda
do dólar era natural que o governo diminuísse o percentual de rolagem dos "swaps" cambiais.
"A redução da parcela da dívida
em dólares deve ser um objetivo
central da política econômica",
disse Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC Investment
Bank. "As condições atuais do
mercado indicavam que o BC já
poderia fazer isso."
Todavia, enquanto continuava
rolando a dívida em "swaps"
cambiais, o BC contribuía para
que a remuneração dessas operações -o chamado cupom cambial, que equivale à taxa de juros
em dólar- continuasse alto.
Embora já tivesse caído bastante, este ainda era superior a 6% ao
ano ontem. O valor, bem superior
à taxa de juros anual de 1,15% dos
títulos do Tesouro norte-americano, acabava atraindo capitais especulativos para o país.
Agora, o mercado espera que o
cupom cambial caia. Isso deverá
contribuir para a queda do fluxo
de capital de curto prazo, o que
poderá valorizar o dólar.
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