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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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CURTO

Índice proposto pela Aneel seria o menor desde a privatização; ações caíram 8,5%

Eletropaulo deve subir luz em 9,62%

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As tarifas da Eletropaulo poderão subir 9,62%, em média, no início de julho. Esse foi o resultado dos cálculos feitos pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) no processo de revisão tarifária. Esse percentual pode mudar após consulta pública, mas, se confirmado, será o menor reajuste desde a privatização, em 1998.
O percentual proposto pela agência ficou muito abaixo do que foi concedido para outras empresas de grande porte, como Cemig e CPFL. O presidente da Eletropaulo, Steven Clancy, disse que o índice baixo de reajuste pode afetar a rentabilidade da empresa e "ter efeito negativo" na resolução do problema da dívida da AES (controladora da Eletropaulo) com o BNDES.
A AES deixou de pagar ao BNDES mais da metade de um empréstimo de US$ 1,2 bilhão, feito para comprar a Eletropaulo. A empresa ainda está negociando com o banco estatal.
De acordo com Clancy, o percentual calculado pela Aneel "surpreendeu negativamente". Ele disse que esse índice pode comprometer a rentabilidade da empresa e acabará "afetando a qualidade dos serviços prestados" e os investimentos. As ações da distribuidora caíram 8,5%.
Ele disse que a Eletropaulo, que atende a 5 milhões de consumidores na região metropolitana de São Paulo, tentará negociar com a Aneel, durante o período de consulta pública, para obter um percentual mais elevado.
A Aneel definiu ainda que no próximo ano será aplicado um redutor de 2,58% sobre o índice previsto no contrato da Eletropaulo.
Um dos motivos pelos quais o reajuste da Eletropaulo ficou menor do que o de outras empresas do mesmo porte foi a queda do dólar. A CPFL, por exemplo, foi reajustada com o dólar a R$ 3,47, enquanto o dólar considerado nos cálculos da Aneel para a Eletropaulo foi de R$ 3,10.
O dólar influencia o valor das tarifas porque as empresas que as distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste compram energia da hidrelétrica de Itaipu, que vende energia em dólar.
Outro motivo considerado pela Aneel, segundo César Antônio Gonçalves, superintendente de regulação econômica, foi o fato de a Eletropaulo ser considerada um "sonho" de concessão -ou seja, estar em um mercado muito bom.
De acordo com a Aneel, a Eletropaulo tem um mercado de 7.180 MWh por quilômetro quadrado, enquanto a CPFL teria mercado para 250 MWh por quilômetro quadrado.


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