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CRISE NO AR
Presidente solicita empréstimo para manter operações até a fusão; Boeing descarta participação na nova empresa
Varig pede socorro de US$ 120 mi ao BNDES
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Reunido ontem com a direção
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), o presidente da Varig, Roberto Macedo, apresentou um pedido de empréstimo-ponte no valor de US$ 120 milhões. É quanto
a companhia calcula que precisa
para manter suas atividades normais e evitar uma paralisação até
concluída a fusão com a TAM,
prevista para setembro.
Não foi feito, porém, um pedido
formal, cujo trâmite obriga a
apresentação de uma carta-consulta. O banco exige da Varig uma
contrapartida que não foi posta
na mesa: um termo assinado pela
companhia de que o processo de
fusão é irreversível.
A Varig, apurou a Folha, rejeita
assumir o compromisso enquanto não estiver definida a participação da TAM na nova companhia.
Pela modelagem do banco Fator,
contratado para desenvolver o
projeto de fusão, a Varig terá 5%
na empresa resultante do negócio. A TAM poderá ter até 35%.
Macedo, que se reuniu de manhã por mais de duas horas com o
vice-presidente do BNDES, Darc
da Luz Costa, também foi ao banco para demonstrar que a gestão
da Varig mudou após a destituição do conselho curador da FRB
(Fundação Ruben Berta, controladora da Varig), decidida em assembléia do colégio deliberante.
O objetivo era mostrar que os
novos sete curadores estão, de fato, comprometidos com a fusão,
vista como única alternativa viável para a crise da companhia.
Internamente no BNDES, o encontro foi encarado como uma
conversa informal, sem efeito
prático. Mesmo após a reunião e
as mudanças de comando, a posição do banco continua a mesma:
não será dado dinheiro enquanto
não sair a fusão.
Após o encontro, Macedo disse,
por intermédio de sua assessoria,
que "o BNDES demonstrou fortemente sua intenção de participar
de uma solução" para a crise da
Varig. Afirmou, no entanto, que
"há entraves que precisam ser superados", já em negociação.
No sábado, os sete curadores foram substituídos pelos suplentes.
A maior parte dos novos dirigentes é favorável ao negócio e não
está alinhada com o ex-presidente
do conselho curador da FRB e ex-homem forte da Varig Yutaka
Imagawa, também destituído.
Boeing
A Boeing, maior fabricante de
aviões do mundo, rejeitou ontem
a possibilidade de assumir uma
participação acionária na Varig
quando a companhia aérea concluir a fusão com a rival TAM.
No projeto de fusão preparado
pelo Banco Fator, a dívida que a
Varig tem com os credores, um
deles a Boeing, seria convertida
em partes no novo empreendimento. Na semana passada, um
diretor da Boeing havia dito que a
empresa estava aberta a possibilidade, afirmando que "qualquer
opção é possível".
Mas, ontem, o vice-presidente
comercial da Boeing para América Latina e Caribe, John Wojick,
descartou a possibilidade de ter
participação na nova Varig/TAM,
caso a fusão seja concretizada.
"Nós estamos muito interessados em trabalhar com as dificuldades do processo de fusão com
ambas as companhias e achar a
resolução que funcione para todas. Mas não estamos interessados em ter participação na Varig
ou na Varig fruto da fusão", disse.
"A Boeing não está no negócio
de compra de companhias aéreas", acrescentou o executivo.
Com a Reuters
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