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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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CRISE NO AR

Presidente solicita empréstimo para manter operações até a fusão; Boeing descarta participação na nova empresa

Varig pede socorro de US$ 120 mi ao BNDES

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Reunido ontem com a direção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o presidente da Varig, Roberto Macedo, apresentou um pedido de empréstimo-ponte no valor de US$ 120 milhões. É quanto a companhia calcula que precisa para manter suas atividades normais e evitar uma paralisação até concluída a fusão com a TAM, prevista para setembro.
Não foi feito, porém, um pedido formal, cujo trâmite obriga a apresentação de uma carta-consulta. O banco exige da Varig uma contrapartida que não foi posta na mesa: um termo assinado pela companhia de que o processo de fusão é irreversível.
A Varig, apurou a Folha, rejeita assumir o compromisso enquanto não estiver definida a participação da TAM na nova companhia. Pela modelagem do banco Fator, contratado para desenvolver o projeto de fusão, a Varig terá 5% na empresa resultante do negócio. A TAM poderá ter até 35%.
Macedo, que se reuniu de manhã por mais de duas horas com o vice-presidente do BNDES, Darc da Luz Costa, também foi ao banco para demonstrar que a gestão da Varig mudou após a destituição do conselho curador da FRB (Fundação Ruben Berta, controladora da Varig), decidida em assembléia do colégio deliberante.
O objetivo era mostrar que os novos sete curadores estão, de fato, comprometidos com a fusão, vista como única alternativa viável para a crise da companhia.
Internamente no BNDES, o encontro foi encarado como uma conversa informal, sem efeito prático. Mesmo após a reunião e as mudanças de comando, a posição do banco continua a mesma: não será dado dinheiro enquanto não sair a fusão.
Após o encontro, Macedo disse, por intermédio de sua assessoria, que "o BNDES demonstrou fortemente sua intenção de participar de uma solução" para a crise da Varig. Afirmou, no entanto, que "há entraves que precisam ser superados", já em negociação.
No sábado, os sete curadores foram substituídos pelos suplentes. A maior parte dos novos dirigentes é favorável ao negócio e não está alinhada com o ex-presidente do conselho curador da FRB e ex-homem forte da Varig Yutaka Imagawa, também destituído.

Boeing
A Boeing, maior fabricante de aviões do mundo, rejeitou ontem a possibilidade de assumir uma participação acionária na Varig quando a companhia aérea concluir a fusão com a rival TAM.
No projeto de fusão preparado pelo Banco Fator, a dívida que a Varig tem com os credores, um deles a Boeing, seria convertida em partes no novo empreendimento. Na semana passada, um diretor da Boeing havia dito que a empresa estava aberta a possibilidade, afirmando que "qualquer opção é possível".
Mas, ontem, o vice-presidente comercial da Boeing para América Latina e Caribe, John Wojick, descartou a possibilidade de ter participação na nova Varig/TAM, caso a fusão seja concretizada.
"Nós estamos muito interessados em trabalhar com as dificuldades do processo de fusão com ambas as companhias e achar a resolução que funcione para todas. Mas não estamos interessados em ter participação na Varig ou na Varig fruto da fusão", disse.
"A Boeing não está no negócio de compra de companhias aéreas", acrescentou o executivo.


Com a Reuters


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