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COMÉRCIO EXTERIOR
Amorim, porém, diz que precisa combinar com americanos
Proposta do país é negociação Mercosul/EUA, mas sem Alca
Sergio Lima/Folha Imagem
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O ministro Celso Amorim dá entrevista após encontro com Lula |
ANDRÉ SOLIANI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil vai propor nesta semana aos EUA negociações diretas
com o Mercosul para criação de
uma zona de livre comércio. O
projeto, que será apresentado ao
representante de Comércio norte-americano, Robert Zoellick, que
desembarca hoje em Brasília, começou a ser discutido logo após o
novo governo tomar posse.
"Há uma decisão de explorar essa possibilidade [a negociação direta do Mercosul com os EUA].
Mas é como a história do Garrincha: é preciso combinar com o
outro lado", afirmou o ministro
Celso Amorim (Relações Exteriores), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
outros ministros.
O encontro de ontem com o Lula serviu para fechar a posição
brasileira a ser apresentada a Zoellick. "A orientação específica que
o presidente deu é que os ministros devem falar com uma voz
única e sem ambiguidade sobre a
base geral da negociação", disse
Amorim, porta-voz da reunião.
Amorim foi cauteloso em lembrar que é preciso conversar com
Zoellick antes de anunciar uma
negociação comercial dos EUA
com o Mercosul fora do âmbito
da Alca (Área de Livre Comércio
das Américas). Em fevereiro, o secretário-adjunto de Comércio do
EUA, William Lash, esteve em
Brasília e deixou claro que seu
país não tinha intenção de iniciar
esse tipo de negociação, pois já estava envolvido com a criação da
Alca, que abarcaria o Mercosul.
O próprio Brasil, pelo menos até
o final do governo passado, olhava com desconfiança a possibilidade de uma negociação direta
com os norte-americanos.
Hoje, o governo avalia que será
mais fácil conseguir seu principal
objetivo -acesso ao mercado
dos EUA- se negociar a questão
diretamente com os EUA, deixando os temas mais complicados,
como regras e normas, para o âmbito da Alca ou da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Amorim disse que na reunião
com Lula foi acordado que o
"principal interesse do Brasil é
uma negociação de acesso a mercado". O governo também avalia
que existe dificuldade em criar
consensos na Alca, o que poderia
criar empecilhos para o acesso a
mercado devido a outros temas,
como investimentos ou compras
governamentais.
Em linhas gerais o governo quer
negociar em três frentes com os
EUA. A primeira seria as discussões entre o Mercosul e os norte-americanos. Seria a negociação
mais importante para o interesse
imediato do país, pois possibilitaria uma maior abertura dos EUA
para produtos brasileiros mesmo
sem a conclusão das negociações
da Alca.
A segunda frente seria a Alca. O
ministro fez questão de enfatizar
que a primeira frente não é de nenhuma maneira incompatível
com o cronograma da Alca. Nesse
fórum, ficariam o temas mais delicados para o Brasil, como normas e regras.
"Não queremos que o processo
da Alca comprometa a possibilidade de desenvolvimento nacional antes mesmo de definir essas
possibilidades", disse o ministro.
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