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Negociações bilaterais correm à parte da Alca
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A despeito das negociações para
a consolidação da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas)
em 2005, os 34 países-membros
do futuro bloco econômico intensificam a movimentação de negociações bilaterais e sub-regionais.
Desde o lançamento da Alca,
em 1994, já foi fechada mais de
uma centena de acordos. Entre os
de livre comércio, de complementação econômica, preferenciais ou
de outros temas da agenda da Alca, como a questão propriedade
intelectual -assinados ou ainda
em gestação-, o número fica em
torno de 130.
Só os Estados Unidos já firmaram 25 acordos com países do
continente nos últimos nove
anos, segundo dados do USTr
(United States Trade Representative, espécie de ministério de comércio exterior dos EUA).
A lista do USTr não incluiu o
acordo de livre comércio entre o
Chile e os EUA que deve ser firmado ainda neste ano.
Essa forma de conduzir a política externa, entretanto, não é exclusividade dos negociadores
norte-americanos. A estratégia de
negociação brasileira no continente, também tem sido marcada
pelo fortalecimento de negociações intra-blocos regionais, conhecida na linguagem diplomática como "building blocks".
No âmbito do Mercosul, por
exemplo, as negociações paralelas
à Alca também mantêm um ritmo
acelerado. Até o momento são
cinco acordos entre o bloco e parceiros continentais como Comunidade Andina e com o Chile, de
acordo com a OEA (Organização
dos Estados Americanos).
O Brasil também tem trilhado-ainda que timidamente-
um caminho descolado do Mercosul com a assinatura de acordo
de Complementação Econômica
com o México em julho de 2002.
Para especialistas ouvidos pela
Folha, porém, a exacerbação dessas negociações paralelas pode
enfraquecer a formação da Alca.
O perigo reside, sobretudo, na
possibilidade de os países priorizarem negociações bilaterais em
detrimento do bloco continental.
"Um cenário sem a existência
da Alca vai provocar uma explosão de acordos subregionais e bilaterais no continente", diz o professor da USP Marcos Jank.
Negociação "4+1"?
Alinhado com o ritmo de movimentações paralelas no continente, ganha força no governo brasileiro a proposta de adotar o "4+1"
(Mercosul mais EUA) na mesa de
negociações.
Segundo Jank, essa atitude do
Brasil pode ajudar a limpar a
agenda da Alca. "Negociar com
"4+1" e Alca, ao mesmo tempo,
ajuda a ter um diálogo mais direto
com os EUA", afirma.
Na avaliação de Amâncio de
Oliveira, da Prospectiva Consultoria, porém, ainda não está claro
se o governo Lula vai usar o Mercosul como base para a Alca.
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