UOL


São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Negociações bilaterais correm à parte da Alca

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A despeito das negociações para a consolidação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) em 2005, os 34 países-membros do futuro bloco econômico intensificam a movimentação de negociações bilaterais e sub-regionais.
Desde o lançamento da Alca, em 1994, já foi fechada mais de uma centena de acordos. Entre os de livre comércio, de complementação econômica, preferenciais ou de outros temas da agenda da Alca, como a questão propriedade intelectual -assinados ou ainda em gestação-, o número fica em torno de 130.
Só os Estados Unidos já firmaram 25 acordos com países do continente nos últimos nove anos, segundo dados do USTr (United States Trade Representative, espécie de ministério de comércio exterior dos EUA).
A lista do USTr não incluiu o acordo de livre comércio entre o Chile e os EUA que deve ser firmado ainda neste ano.
Essa forma de conduzir a política externa, entretanto, não é exclusividade dos negociadores norte-americanos. A estratégia de negociação brasileira no continente, também tem sido marcada pelo fortalecimento de negociações intra-blocos regionais, conhecida na linguagem diplomática como "building blocks".
No âmbito do Mercosul, por exemplo, as negociações paralelas à Alca também mantêm um ritmo acelerado. Até o momento são cinco acordos entre o bloco e parceiros continentais como Comunidade Andina e com o Chile, de acordo com a OEA (Organização dos Estados Americanos).
O Brasil também tem trilhado-ainda que timidamente- um caminho descolado do Mercosul com a assinatura de acordo de Complementação Econômica com o México em julho de 2002.
Para especialistas ouvidos pela Folha, porém, a exacerbação dessas negociações paralelas pode enfraquecer a formação da Alca. O perigo reside, sobretudo, na possibilidade de os países priorizarem negociações bilaterais em detrimento do bloco continental.
"Um cenário sem a existência da Alca vai provocar uma explosão de acordos subregionais e bilaterais no continente", diz o professor da USP Marcos Jank.

Negociação "4+1"?
Alinhado com o ritmo de movimentações paralelas no continente, ganha força no governo brasileiro a proposta de adotar o "4+1" (Mercosul mais EUA) na mesa de negociações.
Segundo Jank, essa atitude do Brasil pode ajudar a limpar a agenda da Alca. "Negociar com "4+1" e Alca, ao mesmo tempo, ajuda a ter um diálogo mais direto com os EUA", afirma.
Na avaliação de Amâncio de Oliveira, da Prospectiva Consultoria, porém, ainda não está claro se o governo Lula vai usar o Mercosul como base para a Alca.


Texto Anterior: Comércio exterior: Proposta do país é negociação Mercosul/EUA, mas sem Alca
Próximo Texto: Desenvolvimento: Cúpula de empresários discute AL
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.