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CAMPO MINADO
Distribuição de incentivos deixará de ser proporcional à produção, mas ajuda de US$ 50 bilhões permanece
UE muda política agrícola, mas subsídio fica
DA REDAÇÃO
A União Européia finalmente
chegou a um acordo ontem, depois de uma reunião de 16 horas,
para reformular sua política de
subsídios agrícolas. Mas a reforma, tida pelos europeus como a
mais abrangente em quatro décadas, deverá ser muito tímida para
destravar as conversas da Rodada
Doha sobre redução de tarifas.
Os produtores rurais dos 15 países-membros da União Européia
recebem aproximadamente US$
50 bilhões em incentivos ao ano.
Os maiores beneficiários são os
franceses, que por isso são os que
mais oferecem resistência ao fim
dos subsídios.
O acordo prevê uma alteração
na maneira como os subsídios serão distribuídos, mas não determina uma redução dos incentivos. Proporcionalmente, o protecionismo agrícola europeu é superior ao norte-americano e só fica atrás do japonês.
Atualmente, os incentivos são
divididos de acordo com a produção dos agricultores. Essa política
provoca uma superprodução de
alimentos, distorce os preços dos
produtos nos mercados internacionais e afeta os grandes produtores agrícolas, como o Brasil.
Graças à atual política de subsídios, quanto maior a produção
maior o incentivo. Isso fez a Europa produzir nos últimos anos, por
exemplo, rios de vinho e montanhas de manteiga, em quantidades bem superiores à demanda.
Versão diluída
Os ministros da UE tentavam
havia um ano estabelecer um
acordo para reformular a chamada PAC (Política Agrícola Comum). No final, aprovou-se uma
versão diluída da proposta inicial
apresentada pelo comissário agrícola europeu, o austríaco Franz
Fischler, 56.
"Estamos enviando uma mensagem ao mundo de que temos
uma política mais favorável ao
mercado", disse Fischler. "Estamos dando adeus a uma política
que distorcia o comércio."
Novo embrulho
Os críticos do protecionismo
europeu, no entanto, não viram
grandes avanços. "Os subsídios só
ganharam um novo embrulho. É
uma decepção enorme", comentou Sam Barratt, da Oxfam, organização não-governamental de
combate à pobreza.
A partir de agora, os produtores
receberão um pagamento único,
independentemente do total produzido. Serão avaliados critérios
de respeito ao ambiente, à qualidade dos alimentos e aos cuidado
no tratamento de animais. Mas
será permitido que uma parcela
do incentivo seja ligada à produção, para que o plantio e a criação
de animais não sejam simplesmente abandonados.
Tecnologia
Parte da verba destinada ao setor rural irá para projetos tecnológicos, de infra-estrutura e de desenvolvimento ambiental. Dessa
maneira, será reduzida a parcela
destinada a grandes fazendeiros.
O protecionismo agrícola tem sido o principal ponto de conflito
nas negociações da Rodada Doha. Os norte-americanos aceitam reduzir seus subsídios e acusam os europeus de
bloquear o avanço das conversas.
Com agências internacionais
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