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Brasil pouco
ganha com o
pacote, diz CNA
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O pacote de reforma na PAC
(Política Agrícola Comum) apresentado pela União Européia é
visto com pouco entusiasmo pela
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Motivo: produtos importantes
para o agronegócio brasileiro, como açúcar, fumo e algodão, não
foram contemplados pela reforma dos europeus.
Outro ponto de descontentamento: a reforma da PAC não
desvincula totalmente a concessão de subsídios do volume produzido pelos agricultores, como
queria o Brasil e os demais membros do Grupo de Cairns (formado por 18 países grandes produtores e exportadores agrícolas, entre
eles o Brasil).
"No caso da carne, que tem
grande importância para nós, os
subsídios vão continuar vinculados a 40% da produção. Isso até
diminui a pressão que leva à produção de excedentes e deprime os
preços no mercado internacional,
mas ainda fica aquém das nossas
expectativas", disse Antonio Donizeti Beraldo, chefe do departamento internacional da CNA.
A questão relativa aos produtos
lácteos também foi alvo de críticas. Pela proposta européia para a
manteiga, por exemplo, haverá
um corte de 25% no preço de intervenção praticado pela UE nos
próximos quatro anos. O preço de
intervenção serve como uma espécie de garantia de renda para os
produtores. Ou seja, independentemente dos preços praticados no
mercado internacional, o governo
oferece um preço fixo para a compra da produção. "Um corte de
25% é até expressivo, mas os preços de intervenção da Europa ainda estão muito acima dos de mercado", diz Beraldo.
O texto da reforma enfatiza
também aspectos ligados ao ambiente, ao bem-estar dos animais
e outros temas ambientais. Para a
CNA, esses tópicos podem vir a se
transformar em uma verdadeira
armadilha para negociações futuras entre o Brasil e a UE. "Daí, pode surgir espaço para a criação de
novas barreiras protecionistas",
avaliou o economista da CNA.
Se a reforma causou alguma
frustração no setor agrícola brasileiro, ela tem o mérito, segundo a
CNA, de acenar com a possibilidade de desbloquear as negociações da próxima rodada da OMC
(Organização Mundial do Comércio), em setembro, e aquelas
entre o Mercosul e a UE.
Sob essa questão, entretanto, o
Itamaraty se mostra um pouco
mais cético. "O governo brasileiro
aguarda, portanto, que a União
Européia apresente suas novas
propostas sobre a reforma do comércio agrícola internacional, em
sintonia com os objetivos a que se
propõe a Rodada Doha", diz nota
oficial divulgada ontem.
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