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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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ANO DO DRAGÃO

IGP-M registra a maior deflação desde que começou a ser calculado pela Fundação Getúlio Vargas, em junho de 89

Preços têm queda recorde de 1% em junho

JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) deste mês, calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), registrou deflação recorde de 1%, a taxa mais baixa desde que o indicador começou a ser calculado, em junho de 1989.
A taxa superou a expectativa de economistas, que estimavam deflação de 0,26% no mês, segundo o mais recente boletim "Focus", divulgado pelo Banco Central.
O coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros, atribui esse resultado a três motivos: o efeito da safra agrícola, que ainda tem impacto benéfico sobre os preços do varejo e do atacado, a redução dos combustíveis determinada pela Petrobras em maio e a estabilidade do real.
Embora a notícia seja animadora, Salomão diz que a taxa não deve continuar a cair nesse ritmo.
"A queda foi muito grande e não deve se manter nesse patamar em julho, embora ainda possamos ter deflação. A partir do mês que vem, os preços ao consumidor terão a influência dos reajustes administrados de telefonia no país e de energia elétrica em São Paulo. Além disso, os efeitos da redução dos preços dos combustíveis devem ser dissipados, assim como o impacto da safra, que será menor", estima.
Por isso, o economista não recomenda precipitações, que se traduziriam num corte superior a 0,5 ponto percentual na taxa de juros (atualmente em 26%) em julho.
A FGV apurou recuo de 1,67% do IPA (Índice de Preços por Atacado). Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ficou em 0,10% em junho contra 0,83% em maio. O INCC (Índice Nacional do Custo da Construção) subiu 0,74%.

"Fatura liquidada"
"A fatura da inflação está liquidada. Salvo alguns repiques em julho, que já estão previstos, a taxa manterá ritmo de desaceleração."
Essa é a avaliação de Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que prevê deflação de 0,05% para este mês. Será a primeira deflação desde o mesmo 0,05% de novembro de 2000.
O economista da Fipe diz que uma queda generalizada no ritmo dos reajustes de preços e uma participação menor dos dois líderes atuais de pressão -energia elétrica e arroz- provocarão queda ainda maior nos preços nas duas primeiras semanas de julho.
Para mostrar que a inflação está vencida, e que o Banco Central poderá promover uma queda mais acentuada nos juros, Heron diz que a taxa trimestral de inflação de novembro de 2002 a janeiro foi de 6,82%. De março a maio, caiu para 1,56%, e de abril a junho deverá ficar próxima de 0,85%.
A inflação da terceira quadrissemana deste mês -últimos 30 dias até o dia 22- recuou para 0,09%, contra 0,23% na segunda. A queda da taxa foi maior do que se previa. Demanda mais fraca e nova realidade cambial foram responsáveis pela desaceleração.
O núcleo da inflação já está em 0,60%, o que mostra uma inflação estimada de 7,4% nos próximos 12 meses. Já o núcleo inflacionário que mostra a evolução apenas dos produtos industrializados caiu para 0,55%. Projetada para 12 meses, essa taxa seria de 6,8%.
A inflação está vencida, mas o ritmo da economia preocupa, diz o economista da Fipe. A cada nova estimativa de evolução do Produto Interno Bruto que se conhece, a preocupação aumenta ainda mais. "Agora já se fala em evolução de apenas 1% do PIB", diz.


Colaborou Mauro Zafalon, da Redação


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