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ANO DO DRAGÃO
IGP-M registra a maior deflação desde que começou a ser calculado pela Fundação Getúlio Vargas, em junho de 89
Preços têm queda recorde de 1% em junho
JULIANA RANGEL
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) deste mês, calculado pela FGV (Fundação Getúlio
Vargas), registrou deflação recorde de 1%, a taxa mais baixa desde
que o indicador começou a ser
calculado, em junho de 1989.
A taxa superou a expectativa de
economistas, que estimavam deflação de 0,26% no mês, segundo
o mais recente boletim "Focus",
divulgado pelo Banco Central.
O coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros, atribui esse resultado a três
motivos: o efeito da safra agrícola,
que ainda tem impacto benéfico
sobre os preços do varejo e do atacado, a redução dos combustíveis
determinada pela Petrobras em
maio e a estabilidade do real.
Embora a notícia seja animadora, Salomão diz que a taxa não deve continuar a cair nesse ritmo.
"A queda foi muito grande e
não deve se manter nesse patamar
em julho, embora ainda possamos ter deflação. A partir do mês
que vem, os preços ao consumidor terão a influência dos reajustes administrados de telefonia no
país e de energia elétrica em São
Paulo. Além disso, os efeitos da
redução dos preços dos combustíveis devem ser dissipados, assim
como o impacto da safra, que será
menor", estima.
Por isso, o economista não recomenda precipitações, que se traduziriam num corte superior a 0,5
ponto percentual na taxa de juros
(atualmente em 26%) em julho.
A FGV apurou recuo de 1,67%
do IPA (Índice de Preços por Atacado). Já o IPC (Índice de Preços
ao Consumidor) ficou em 0,10%
em junho contra 0,83% em maio.
O INCC (Índice Nacional do Custo da Construção) subiu 0,74%.
"Fatura liquidada"
"A fatura da inflação está liquidada. Salvo alguns repiques em
julho, que já estão previstos, a taxa manterá ritmo de desaceleração."
Essa é a avaliação de Heron do
Carmo, coordenador do Índice de
Preços ao Consumidor da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), que prevê deflação
de 0,05% para este mês. Será a primeira deflação desde o mesmo
0,05% de novembro de 2000.
O economista da Fipe diz que
uma queda generalizada no ritmo
dos reajustes de preços e uma participação menor dos dois líderes
atuais de pressão -energia elétrica e arroz- provocarão queda
ainda maior nos preços nas duas
primeiras semanas de julho.
Para mostrar que a inflação está
vencida, e que o Banco Central
poderá promover uma queda
mais acentuada nos juros, Heron
diz que a taxa trimestral de inflação de novembro de 2002 a janeiro foi de 6,82%. De março a maio,
caiu para 1,56%, e de abril a junho
deverá ficar próxima de 0,85%.
A inflação da terceira quadrissemana deste mês -últimos 30
dias até o dia 22- recuou para
0,09%, contra 0,23% na segunda.
A queda da taxa foi maior do que
se previa. Demanda mais fraca e
nova realidade cambial foram
responsáveis pela desaceleração.
O núcleo da inflação já está em
0,60%, o que mostra uma inflação
estimada de 7,4% nos próximos
12 meses. Já o núcleo inflacionário
que mostra a evolução apenas dos
produtos industrializados caiu
para 0,55%. Projetada para 12 meses, essa taxa seria de 6,8%.
A inflação está vencida, mas o
ritmo da economia preocupa, diz
o economista da Fipe. A cada nova estimativa de evolução do Produto Interno Bruto que se conhece, a preocupação aumenta ainda
mais. "Agora já se fala em evolução de apenas 1% do PIB", diz.
Colaborou Mauro Zafalon, da Redação
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