São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2000


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CONJUNTURA
Queda da inadimplência, juro menor, nova economia e perspectiva de emprego criam nova classe de consumidor
Ex-devedor e netcomprador puxam vendas

Dado Galdieri/Folha Imagem
Consumidores pesquisam preço de aparelho de TV em loja no centro de São Paulo


ADRIANA MATTOS
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

Há um grupo de consumidores de volta às lojas que já é capaz de impulsionar a economia brasileira. São os ex-inadimplentes, os empregados da nova economia e a classe média que já não teme tanto o desemprego.
Acesso ao crédito facilitado, juros em queda, desinteresse pela caderneta de poupança e recuperação parcial do poder de compra do real levaram os brasileiros a ter acesso aos bens duráveis.
De automóveis de luxo a DVDs (Digital Video Disc), de aparelhos de TV a eletroportáteis populares, o consumidor tem se mostrado mais ávido por novos produtos, uma tendência que deve se fortalecer neste segundo semestre, puxada por uma perspectiva de crescimento da renda.
"Faz dois anos que não temos uma perspectiva de melhora no emprego e nos salários como neste momento", diz Newton Rosa, economista da consultoria MCM.


Retomada desigual
A recuperação não acontece, porém, no mesmo ritmo para todos os setores. Levantamento da FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) revela que as vendas de bens duráveis cresceu quatro vezes mais que a de não-duráveis, como alimentos, no primeiro semestre.
Desde o começo do ano, a Abras (Associação Brasileira dos Supermercados) tem registrado quedas consecutivas na comercialização de produtos alimentícios.
Até o mês passado, a retração chegava a quase 2% nas vendas dos supermercados.
Os consumidores têm transferido parte de sua renda, já comprimida, para gastos com combustíveis e tarifas públicas, afetando negativamente o faturamento do setor, segundo a Abras.
Se alguns perdem, outros têm comemorado resultados. A migração de consumidores favoreceu o setor dos eletroeletrônicos. A indústria entregou para as lojas 30% mais TV em cores que no ano passado e 40% mais aparelhos de som.
A expansão não pára por aí. Espera-se que o Brasil tenha 3,1 milhões de computadores no final do ano, um crescimento de 35% em relação a 99. Só no semestre, o mercado dobrou.
O aumento na procura por bens duráveis leva até à falta de matérias-primas para a fabricação dos produtos.
Para contornar esse problema, as indústrias estão indo buscar os insumos no exterior, o que pesa desfavoravelmente na balança comercial.



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