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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Bolha da Internet já está
perdendo brilho comercial
GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Talvez nenhum mercado tenha sido motivo de
projeções de crescimento tão
eufóricas quanto o da Internet.
O glamour comercial do setor,
no entanto, está diminuindo. O
mesmo vale para alguns outros
empreendimentos da chamada
nova economia.
A revista "The Economist"
chama a atenção para o processo em várias reportagens. Há sinais preocupantes tanto no valor de mercado quanto nos indicadores de audiência dos principais websites dos EUA.
Por mais que se celebre a Internet como uma espécie de nova corrida do ouro californiana,
o mais comum continua sendo a
operação com prejuízo e com
modelos de negócios de eficácia
e rentabilidade duvidosos.
Até certo ponto, a demanda
especulativa por projetos charmosos e a disponibilidade de
fundos ociosos alimentam (ou
melhor, alimentavam até pouco
tempo atrás) a bolha. Mas se trata de uma bolha especulativa.
As ilusões milenaristas de que
a Internet seria uma espécie de
terra prometida da livre iniciativa perdem terreno para a realidade dos conflitos jurídicos.
Na semana passada, um conflito entre UOL e AOL foi decidido no âmbito do Conar. Nos
EUA, o uso ilegítimo de softwares agentes para fazer espionagem industrial em sites alheios
foi derrubado com base em leis
antigas que dispõem sobre a invasão de propriedade privada.
As disputas em torno de questões de propriedade intelectual,
ou seja, de propriedade privada
de produtos do conhecimento,
tendem a ganhar peso crescente.
Enquanto isso, modelos comunitários, autenticamente interativos e intensivos em recursos humanos, perdem espaço
no mercado. Aliás, a mais recente onda de demissões em massa
está ocorrendo justamente nos
setores ligados à Internet, nos
EUA. Como a bolha ainda não
estourou, aumenta a rotatividade entre empregos, mas a tendência é no sentido do enxugamento. Afinal, boa parte dos sites de massa ainda promete,
sem cumprir, gerar lucros.
Mas os prejuízos ainda não
pesam contra a tendência de elevação nos salários dos executivos da nova economia.
Na semana passada o "The
New York Times" estampava
dados mostrando a fuga de cérebros, nos altos níveis gerenciais,
da velha para a nova economia.
O setor permanece ambíguo:
queda nas ações, prejuízos e demissões, de um lado, corrida do
ouro, reforço dos oligopólios
globais da mídia e ganhos de
produtividade, de outro.
Como tudo isso repousa sobre
um edifício de expectativas sobre uma futura sociedade tecnológica, é difícil precisar o que é
real, o que é delírio, onde há
uma nova economia.
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