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CASO AMBEV
Advogado é acusado apenas de falso testemunho, segundo a polícia
Aírton Soares não sugeriu
suborno ao Cade, diz PF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Aírton Soares não
teve participação no esquema que
se preparava, no início do ano, para tentar subornar conselheiros
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). É o que
consta do relatório da Polícia Federal, que investigou o caso. A PF
trabalhava com a hipótese de que
Soares estivesse envolvido -o
que foi noticiado pela Folha-,
mas isso não se confirmou.
De acordo com a investigação
policial, dois advogados de São
Paulo ofereceram-se para mudar
votos dos conselheiros no julgamento sobre a criação da AmBev,
fusão das cervejarias Brahma e
Antarctica.
Aírton Soares era advogado da
Abradisa (Associação Brasileira
dos Distribuidores de Antarctica).
Foi indiciado pela Polícia Federal
sob acusação de falso testemunho. Os advogados Márcio Pugliese e Marco Antônio Campos
Salles, que estariam engendrando
propostas de suborno, foram indiciados sob acusação de tráfico
de influência.
Alerta de suborno
Não há, no relatório da Polícia
Federal, concluído no dia 17 de julho, informação de que o advogado Aírton Soares, ex-deputado federal pelo PT de São Paulo, tenha
deixado implícita proposta de suborno durante uma conversa com
a conselheira Hebe Romano, relatora do caso no Cade.
Segundo o relatório da PF, em
dezembro do ano passado Hebe
Romano foi procurada por Aírton Soares, que lhe contou que "a
Kaiser tinha disponibilizado uma
verba de R$ 20 milhões para combater a fusão das fabricantes de
bebidas Antarctica e Brahma".
Mas o fez em tom de alerta, não
com propostas veladas.
Segundo o relatório da PF, "a
forma com que Aírton Soares colocou a questão deixou-a (Hebe
Romano) extremamente preocupada e com receio". E mesmo assim, diz o texto, "ela não se sentiu
encorajada a acionar a polícia".
Contradição
O relatório da Polícia Federal,
elaborado pelo delegado Luiz
Carlos Zubcov, sustenta que "cotejando as declarações de Romano e Soares, observamos que
apresentam divergências, principalmente em relação ao pedido
dos R$ 20 milhões, soma esta que,
segundo Hebe Romano, não se
destinava ao pagamento de honorários".
Aírton Soares insistiu, durante
todo o inquérito policial, que esse
dinheiro serviria para pagar os
advogados e não para corromper
conselheiros. A divergência entre
o que disseram Romano e Soares
resultou no indiciamento do advogado por falso testemunho. Para o delegado Zubcov, a soma serviria para a cooptação de votos no
Cade, o que Soares não admite.
O então advogado da Abradisa
diz que a decisão de procurar Romano foi tomada exclusivamente
por ele, "à revelia de Ataíde Guerreiro", presidente da entidade e
também indiciado pela PF sob
acusação de falso testemunho.
O relatório do delegado Zubcov
foi enviado ao Ministério Público,
a quem caberá agora avaliar se será proposta ação contra os indiciados nesse episódio.
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