São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2000


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Bolsa de Londres quer atrair empresa do Brasil

RICARDO GRINBAUM
de Londres

A Bolsa de Valores de São Paulo descobriu que não adianta resistir à concorrência dos poderosos concorrentes dos EUA e da Europa. Para negociar uma posição entre os grandes competidores do mercado internacional, a Bovespa resolveu ceder espaço.
Recentemente, São Paulo assinou um acordo de cooperação técnica com a Bolsa de Londres. Na prática, o contrato facilitará que empresas brasileiras negociem ações no Reino Unido em detrimento do mercado paulista.
"Queremos atrair empresas brasileiras para negociar seus papéis em Londres", diz Rian Brown, diretora da Bolsa de Londres. "Só uma empresa brasileira (Celesc) negocia aqui, é muito pouco para o enorme potencial brasileiro."
Levar ações brasileiras para Londres equivale a adotar um regime num mercado paulista cada vez mais magro. Apesar de a estratégia parecer suicida, a Bovespa não quer fechar o pregão. Sua decisão de facilitar a saída das empresas para Londres se deve à constatação de que não há muito espaço fora do guarda-chuva das grandes Bolsas internacionais.
Para os especialistas, é possível que sobrem apenas dois ou três grandes mercados no mundo. Essas grandes Bolsas seriam lideradas por Nova York, pela Nasdaq e por Londres/Frankfurt.
São Paulo já havia fechado acordos de cooperação com Nova York e com Paris. Ao assinar contrato com Londres, a Bovespa resolveu garantir a simpatia de mais um dos grandes jogadores, enquanto não se definem as posições definitivas no tabuleiro.
"Pode ser que sobre uma, duas ou três grandes Bolsas no mundo, ninguém sabe. O acordo com Londres é um bom passo, especialmente para facilitar o financiamento das empresas brasileiras", diz Wilber Colmerauer, executivo-chefe do banco de investimentos do BBVA em Londres.
"Mas a Bovespa poderia estar negociando numa situação melhor se tivesse tomado a iniciativa e estivesse liderando uma Bolsa regional, que unisse os mercados financeiros do Mercosul e de parte da América Latina."
São Paulo viu seu poder de fogo diminuir nos últimos tempos devido à atração exercida pelo rico mercado dos EUA. Empresas brasileiras lançaram ADRs (o equivalente a ações) em Nova York. A tendência foi acelerada, segundo a Bovespa, pelo fato de o Brasil cobrar impostos sobre a movimentação financeira.
Muitas empresas perceberam boas oportunidades para conseguir dinheiro em Nova York e, agora, a própria Bovespa reconhece que podem começar a olhar para Londres. Duas grandes empresas exportadoras brasileiras estudam o lançamento de GDRs (equivalem a ações) em Londres. "Como a situação brasileira está melhorando, há um campo enorme para as empresas venderem papéis em Londres", diz a advogada Eliana Filippozzi, diretora internacional da firma de advocacia Noronha e Associados, com escritório em Londres.



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