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Bolsa de Londres quer atrair empresa do Brasil
RICARDO GRINBAUM
de Londres
A Bolsa de Valores de São Paulo
descobriu que não adianta resistir
à concorrência dos poderosos
concorrentes dos EUA e da Europa. Para negociar uma posição
entre os grandes competidores do
mercado internacional, a Bovespa
resolveu ceder espaço.
Recentemente, São Paulo assinou um acordo de cooperação
técnica com a Bolsa de Londres.
Na prática, o contrato facilitará
que empresas brasileiras negociem ações no Reino Unido em
detrimento do mercado paulista.
"Queremos atrair empresas
brasileiras para negociar seus papéis em Londres", diz Rian
Brown, diretora da Bolsa de Londres. "Só uma empresa brasileira
(Celesc) negocia aqui, é muito
pouco para o enorme potencial
brasileiro."
Levar ações brasileiras para
Londres equivale a adotar um regime num mercado paulista cada
vez mais magro. Apesar de a estratégia parecer suicida, a Bovespa não quer fechar o pregão. Sua
decisão de facilitar a saída das empresas para Londres se deve à
constatação de que não há muito
espaço fora do guarda-chuva das
grandes Bolsas internacionais.
Para os especialistas, é possível
que sobrem apenas dois ou três
grandes mercados no mundo. Essas grandes Bolsas seriam lideradas por Nova York, pela Nasdaq e
por Londres/Frankfurt.
São Paulo já havia fechado acordos de cooperação com Nova
York e com Paris. Ao assinar contrato com Londres, a Bovespa resolveu garantir a simpatia de mais
um dos grandes jogadores, enquanto não se definem as posições definitivas no tabuleiro.
"Pode ser que sobre uma, duas
ou três grandes Bolsas no mundo,
ninguém sabe. O acordo com
Londres é um bom passo, especialmente para facilitar o financiamento das empresas brasileiras",
diz Wilber Colmerauer, executivo-chefe do banco de investimentos do BBVA em Londres.
"Mas a Bovespa poderia estar
negociando numa situação melhor se tivesse tomado a iniciativa
e estivesse liderando uma Bolsa
regional, que unisse os mercados
financeiros do Mercosul e de parte da América Latina."
São Paulo viu seu poder de fogo
diminuir nos últimos tempos devido à atração exercida pelo rico
mercado dos EUA. Empresas brasileiras lançaram ADRs (o equivalente a ações) em Nova York. A
tendência foi acelerada, segundo
a Bovespa, pelo fato de o Brasil cobrar impostos sobre a movimentação financeira.
Muitas empresas perceberam
boas oportunidades para conseguir dinheiro em Nova York e,
agora, a própria Bovespa reconhece que podem começar a
olhar para Londres. Duas grandes
empresas exportadoras brasileiras estudam o lançamento de
GDRs (equivalem a ações) em
Londres. "Como a situação brasileira está melhorando, há um
campo enorme para as empresas
venderem papéis em Londres",
diz a advogada Eliana Filippozzi,
diretora internacional da firma de
advocacia Noronha e Associados,
com escritório em Londres.
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