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DEFESA DO CONSUMIDOR
Clientes reclamam de débitos indevidos
Promotoria investiga em Minas denúncias contra o Bandeirantes
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A promotoria criminal de defesa
do consumidor de Belo Horizonte
abriu inquérito para apurar se o
Banco Bandeirantes, entre agosto
de 94 e julho de 96, se apropriou
indevidamente de dinheiro de
clientes.
A instituição e o Banco Central
estão sendo acionados na Justiça
por clientes do Bandeirantes na capital mineira, que pedem ressarcimento de valores debitados indevidamente de suas contas nesse
período.
A delegacia regional do BC em
Minas já acionou o Bandeirantes
para devolver valores debitados
em contas de 29 clientes. Os valores eram abatidos de contas especiais a título de juros (sem especificação), diversos e outros débitos.
Os juros, segundo a assessoria da
delegacia regional do BC, não estavam vinculados a cheques especiais ou empréstimos, o que caracteriza uma das irregularidades.
"O objetivo é verificar se houve
crime e, se tiver havido, se foi responsabilidade do gerente ou dos
donos do banco. Até agora, a certeza é que houve irregularidade
administrativa", disse o promotor
José Fernando Sarabando.
A promotoria enviou requisição
ao BC para que ele apresente relatório sobre as reclamações. Pretende também intimar clientes,
gerentes e um ex-gerente do banco
em Belo Horizonte para depor na
próxima semana.
Segundo a assessoria do BC, as
averiguações feitas nas contas dos
clientes indicam que o problema
era localizado. Seria uma irregularidade da agência Cidade Nova.
Mas o contador José Gonçalves
Vieira contesta a certeza da delegacia regional do BC. Ele está representando 76 clientes que estão pedindo ressarcimento. Destes, 53
são da agência Cidade Nova, onde
o primeiro caso foi descoberto, e o
restante de seis agências de Belo
Horizonte e de Contagem (região
metropolitana de BH). Alguns já
receberam o dinheiro de volta.
Maxilon Augusto Aguiar, ex-gerente do Bandeirantes e que será
ouvido pela promotoria, diz que
os débitos feitos na agência Cidade
Nova, onde ele trabalhava, eram
estimulados pela então gerente-geral, Luzia Silva de Oliveira,
para cumprir metas de tarifas estipuladas pela direção do banco.
Segundo Aguiar, se no final do
mês a agência não tivesse cumprido a meta, a gerente-geral reunia
ele e outros dois gerentes da agência para escolher quais clientes seriam lesados. "Meu inferno foi isso aí. Eu não concordava com isso.
Ficava triste de encarar os clientes
no dia seguinte."
Aguiar foi demitido em abril de
96 e hoje briga com o Bandeirantes
na Justiça. O ex-gerente move ação
de danos morais contra o banco,
que responde com uma ação criminal contra ele por falsificação de
documentos.
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