São Paulo, sábado, 27 de setembro de 1997.



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DEFESA DO CONSUMIDOR
Clientes reclamam de débitos indevidos
Promotoria investiga em Minas denúncias contra o Bandeirantes

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A promotoria criminal de defesa do consumidor de Belo Horizonte abriu inquérito para apurar se o Banco Bandeirantes, entre agosto de 94 e julho de 96, se apropriou indevidamente de dinheiro de clientes.
A instituição e o Banco Central estão sendo acionados na Justiça por clientes do Bandeirantes na capital mineira, que pedem ressarcimento de valores debitados indevidamente de suas contas nesse período.
A delegacia regional do BC em Minas já acionou o Bandeirantes para devolver valores debitados em contas de 29 clientes. Os valores eram abatidos de contas especiais a título de juros (sem especificação), diversos e outros débitos.
Os juros, segundo a assessoria da delegacia regional do BC, não estavam vinculados a cheques especiais ou empréstimos, o que caracteriza uma das irregularidades.
"O objetivo é verificar se houve crime e, se tiver havido, se foi responsabilidade do gerente ou dos donos do banco. Até agora, a certeza é que houve irregularidade administrativa", disse o promotor José Fernando Sarabando.
A promotoria enviou requisição ao BC para que ele apresente relatório sobre as reclamações. Pretende também intimar clientes, gerentes e um ex-gerente do banco em Belo Horizonte para depor na próxima semana.
Segundo a assessoria do BC, as averiguações feitas nas contas dos clientes indicam que o problema era localizado. Seria uma irregularidade da agência Cidade Nova.
Mas o contador José Gonçalves Vieira contesta a certeza da delegacia regional do BC. Ele está representando 76 clientes que estão pedindo ressarcimento. Destes, 53 são da agência Cidade Nova, onde o primeiro caso foi descoberto, e o restante de seis agências de Belo Horizonte e de Contagem (região metropolitana de BH). Alguns já receberam o dinheiro de volta.
Maxilon Augusto Aguiar, ex-gerente do Bandeirantes e que será ouvido pela promotoria, diz que os débitos feitos na agência Cidade Nova, onde ele trabalhava, eram estimulados pela então gerente-geral, Luzia Silva de Oliveira, para cumprir metas de tarifas estipuladas pela direção do banco.
Segundo Aguiar, se no final do mês a agência não tivesse cumprido a meta, a gerente-geral reunia ele e outros dois gerentes da agência para escolher quais clientes seriam lesados. "Meu inferno foi isso aí. Eu não concordava com isso. Ficava triste de encarar os clientes no dia seguinte."
Aguiar foi demitido em abril de 96 e hoje briga com o Bandeirantes na Justiça. O ex-gerente move ação de danos morais contra o banco, que responde com uma ação criminal contra ele por falsificação de documentos.



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