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CONTAS EXTERNAS
Para o BC, entrarão menos empréstimos e investimentos e aumentará remessa de recursos ao exterior
Crise afasta US$ 11,5 bi do Brasil em 2002
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise financeira que se abateu
sobre os mercados nos últimos
meses deve afastar US$ 11,5 bilhões do país neste ano, segundo o
Banco Central. Esse valor inclui
tanto a queda no fluxo de dólares
para o Brasil quanto o aumento
nas remessas de recursos para o
exterior. Para o BC, o movimento
decorre de turbulências externas.
Num regime de câmbio flutuante, situações como essa, de falta de
capital externo, são resolvidas
com alta do dólar. O real se desvaloriza para que a balança comercial traga mais dólares para o país
e normalize o desequilíbrio.
Para tentar evitar uma alta excessiva na cotação da moeda americana, o BC estima que serão necessárias intervenções maiores no
mercado de câmbio. Até agosto, o
BC esperava que, vendendo mensalmente US$ 500 milhões aos investidores, entre outubro e novembro, poderia normalizar a situação. Agora, elevou esse número para US$ 800 milhões.
A queda no fluxo de capital externo para o país pode ser dividida em três partes: na redução do
volume de investimento estrangeiro no país, na dificuldade das
empresas brasileiras em rolar
suas dívidas e no aumento de remessas de dólares para o exterior.
As empresas brasileiras devem
rolar apenas 50% de suas dívidas
no exterior. Em 2001, essa proporção superou os 100%, ou seja,
além de pagar tudo o que deviam,
as empresas ainda se endividaram
mais no mercado internacional.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que esse movimento não preocupa o governo. "O balanço de pagamentos é a menor de nossas
preocupações." Ele afirma que o
principal motivo para a disparada
do dólar não é a situação das contas externas, e sim o nervosismo
dos investidores.
Para Lopes, a queda no fluxo de
capital para o país é consequência
da "elevada volatilidade externa"
dos últimos meses, o que fez investidores estrangeiros reduzirem suas aplicações em países
emergentes. Isso afeta em maior
escala aqueles que, como o Brasil,
dependem de grande quantia de
dólares para fechar suas contas.
Além da alta do dólar, o desequilíbrio nas contas externas deve
ser compensado de duas outras
formas: com o socorro bilionário
oferecido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e com um
ligeiro aumento no ingresso de
capital de curto prazo, de caráter
mais especulativo.
Em relação ao saldo da balança
comercial, o BC elevou para US$ 9
bilhões sua projeção para o superávit deste ano. Em julho, a estimativa estava em US$ 5 bilhões. A
melhora no resultado será possível graças à desvalorização do real
ocorrida desde então.
O governo conta ainda com US$
6 bilhões que serão liberados pelo
FMI. O dinheiro será fundamental para o equilíbrio das contas externas deste ano. Dos US$ 6 bilhões que o FMI irá emprestar ao
Brasil neste semestre, US$ 3 bilhões já foram sacados neste mês,
e outros US$ 3 bilhões devem ser
liberados em dezembro. Outros
US$ 24 bilhões poderão ser sacados, em várias parcelas, em 2003.
Por último, o BC espera contar
ainda com um aumento no fluxo
de capital de curto prazo para o
país. Essas transações incluem
aplicações em títulos de curto
prazo (com vencimento inferior a
um ano) negociados no mercado
financeiro brasileiro, além de algumas operações de financiamento ao comércio exterior.
Segundo as projeções do BC, o
ingresso de capital de curto prazo
no país deve chegar a US$ 3,2 bilhões, contra US$ 1,7 bilhão esperado em julho passado.
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