São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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Embraer capta US$ 100 mi no mercado japonês

DA REPORTAGEM LOCAL

DE WASHINGTON

A Embraer formalizou a captação de US$ 100 milhões no mercado japonês. A operação foi estruturada pelo Unibanco e pela empresa japonesa de trading Mitsui. Com vencimento em sete anos, o financiamento terá juros anuais de 8% -o mercado cogita que papéis semelhantes do governo brasileiro teriam taxa de 28%.
Para fechar a operação, o Unibanco assumiu a responsabilidade de co-pagador -ou seja, honrará o compromisso caso a Embraer não o faça. Por sua vez, a Nexi -agência de crédito à exportação do governo do Japão- responsabilizou-se pela cobertura de 97,5% do risco político e 90% do risco comercial dos investidores que compraram os papéis.
""A cobertura de risco político é a garantia de que, nos próximos sete anos, se o Brasil não honrar seus compromissos, os investidores receberão 97,5% do que aplicaram", explica Carlos Catraio, diretor do Unibanco. No caso do Brasil, o risco político tem como potencializador natural a eleição de outubro.
A operação, segundo a Embraer, faz parte de um plano para alongar o perfil de sua dívida. Quarto maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, a Embraer somava, ao final do primeiro semestre de 2002, dívida de R$ 1,514 bilhão. Desse total, 40% representavam dívidas de curto prazo (cerca de um ano); os demais 60%, de longo prazo.
Dois terços das dívidas da Embraer são em dólares -mas 96% das receitas também são naquela moeda. Além disso, seu patrimônio líquido, de R$ 2,686 bilhões, é bem superior às dívidas.
""É uma operação importante na política de alongar o perfil da dívida. E muito atrativa, considerando o prazo e o custo competitivo", disse Antonio Luiz Manso, vice-presidente-executivo da empresa.
Além de ser uma das poucas empresas brasileiras a romper a aversão dos investidores estrangeiros, a Embraer fechou a captação em um momento em que registra uma sensível queda de desempenho, diretamente relacionada à crise mundial no mercado de aviação.
De acordo com a Secex, as vendas externas da fabricante de aviões caíram 26% nos oito primeiros meses deste ano. No mesmo período, suas importações recuaram 42%. Fechou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 342,8 milhões, contra os R$ 557,1 milhões do mesmo período de 2001.
(JOSÉ ALAN DIAS e MARCIO AITH)


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