São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2006

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Cooperativas querem mais fiscalização para o leite

Adição de soro de leite e substâncias na bebida afeta o preço, dizem produtores

Para CNA, medida configura "crime econômico", porque reduz valor nutricional do produto, apesar de não trazer malefícios à saúde


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As cooperativas de produtos lácteos querem que o governo controle a mistura de soro de leite, sacarose, amido e outros produtos no leite e em seus derivados. Segundo elas, a mistura engana o consumidor e reduz a renda dos produtores, que também pedem mecanismos para garantir o preço, já que o valor pago pela indústria aos produtores caiu 27% desde junho do ano passado.
"A adição do soro no leite não traz riscos à saúde, mas representa um crime econômico, pois oferece um produto com menor valor nutricional sem esclarecer ao consumidor", disse o presidente da Comissão Nacional de Pecuária da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Rodrigo Sant'ana.
Há quatro anos, o Ministério da Agricultura fez um levantamento que demonstrou que, das 1.833 amostras de leite pasteurizado coletadas em 213 indústrias, 81 apresentavam mistura. Nenhuma ação foi adotada desde então.
Segundo o secretário de Defesa da Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Maciel, no ano passado o ministério gastou R$ 37 milhões para adquirir aparelhos para seus seis principais laboratórios, mas há caso de equipamento que não funciona por falta de operador.
O processo deveria ser enviado à SDE (Secretaria de Defesa Econômica) do Ministério da Justiça, que poderia ouvir as indústrias e divulgar as que fazem a mistura, mas ainda não foi enviado por um problema burocrático: está parado no departamento jurídico do Ministério da Agricultura aguardando a assinatura de um convênio com o Ministério da Justiça.
"Eu lido com esse problema da mistura há 20 anos. As indústrias, ao misturar 30% de soro no leite e nos derivados, deixam de comprar 30% dos produtores. Elas multiplicam os produtos, aumentam a oferta e isso afeta o preço pago ao produtor e a renda", afirmou Paulo Roberto Bernardes, presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios.
Segundo Maciel, a queda no preço do leite pago aos produtores segue leis de mercado, mas o ministério vai analisar se inclui o produto no programa de preços garantidos do ministério, que já beneficia produtores de soja, algodão, milho e outros. (CLÁUDIA DIANNI)


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