São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

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RETOMADA

Pesquisa da CNI aponta maior número de empresas que afirmam não ter capacidade para atender demanda futura

Aumenta o temor de gargalo na indústria

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de empresas que avaliam não ter capacidade para atender a demanda futura aumentou com relação ao ano passado, segundo pesquisa divulgada ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ao mesmo tempo, a maioria dos empresários citou as incertezas com relação à evolução da demanda, que estão relacionadas à política de juros do Banco Central, como o principal fator de inibição para novos investimentos.
"As oscilações nos juros são percebidas como fato gerador de incertezas em relação à demanda", afirmou o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), após apresentar a pesquisa para ministros, durante reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
A solução para que não haja aumento de preços nos setores cuja capacidade de produzir é inferior à expectativa de demanda é mais investimentos. Na pesquisa de 2003, 10,9% das grandes empresas afirmavam que não tinham capacidade de produção adequada para atender a demanda de 2004. No levantamento apresentado ontem, 18,6% das grandes empresas entrevistadas afirmam que não estão preparadas para enfrentar a demanda de 2005. No caso das pequenas e médias, o percentual saiu de 18,6% para 21,6%.
Os dados da CNI revelam que 94% das grandes empresas e 82% das médias e pequenas indústrias estão dispostas a investir. Os números são melhores do que os do ano passado -86% e 80% respectivamente. "Há uma retomada dos investimentos", afirma Monteiro Neto.
O problema é que o Banco Central, ao avaliar a trajetória da inflação, decidiu nas últimas reuniões que era preciso aumentar os juros. "Se a tendência de alta nos juros se confirmar, pode comprometer os investimentos", disse o presidente da CNI.
Monteiro Neto avalia que não existem motivos para o BC se preocupar com uma alta generalizada de preços, pois, apesar do aumento no número de empresas próximas à sua capacidade máxima da produção, a maioria ainda tem espaço para atender aumentos de demanda em 2005.
"Quase 80% das empresas consultadas declararam que a capacidade produtiva atual é suficiente para atender a demanda prevista para 2005", informa a sondagem da CNI. Foram entrevistadas 202 grandes empresas e 1.022 médias e pequenas indústrias entre os dias 27 de setembro e 18 de outubro deste ano.
Os empresários dos setores de metalurgia, de materiais de transporte, de couros e peles e produtos farmacêuticos são os mais preocupados com a falta de capacidade em produzir. Nesses setores, pelo menos 29% dos industriais dizem não estar preparados para atender a demanda de 2005.
Durante a reunião do CNDI, Monteiro Neto usou os dados da sondagem para mostrar o otimismo da indústria com as expectativas. Aproveitou também para pedir, mais uma vez, medidas para a redução dos juros cobrados por bancos. Depois das incertezas em relação à demanda (54% dos grandes industriais mencionaram esse fator) e da insegurança sobre o novo sistema tributário (39%), o custo de financiamento (36%) aparece como o terceiro fator de inibição de investimentos.
No encontro, o governo apresentou proposta para a criação de aeroportos industriais, que facilitariam os trâmites alfandegários para empresas exportadoras.


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