São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Superavit sobe, mas meta fiscal está distante

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do bom resultado das contas públicas em outubro, o governo está com uma margem apertada para cumprir a meta fiscal de 2009. Segundo dados do Banco Central, a economia feita para pagar os juros da dívida (o superavit primário) ficou em R$ 13,8 bilhões no mês passado, segundo melhor resultado para meses de outubro nos últimos oito anos.
Esse desempenho se deve, principalmente, à mudança que permitiu ao governo inflar suas receitas em quase 80% com as transferências para o Tesouro dos depósitos judiciais relativos à União. Esse fator extraordinário não irá garantir, no entanto, os mesmos bons resultados nos últimos meses do ano.
A meta do setor público (União, Estados e municípios) é economizar o equivalente a, ao menos, 1,56% do PIB neste ano para reduzir a dívida pública. Nos últimos 12 meses, o valor está em 1%.
De acordo com o BC, esse número está distorcido devido à transferência de R$ 15 bilhões do caixa do Tesouro, em dezembro, para o Fundo Soberano do Brasil, uma poupança feita com o excesso de arrecadação em 2008. Sem esse fator, o superavit estaria hoje em 1,50% do PIB, mais próximo da meta.
Além do aumento nos gastos do governo no fim do ano e das desonerações tributárias já concedidas, um fator que dificultará o cumprimento da meta é a revisão para cima do PIB. No início do mês, o IBGE informou que o crescimento da economia em 2007 foi de 6,1%, e não de 5,7%, como divulgado anteriormente.
Essa mudança levará o BC a revisar para cima também a estimativa do PIB para 2009, que está em quase R$ 3 trilhões nos últimos 12 meses. Isso implicará a obrigação de fazer também economia maior para alcançar a meta.
O BC avalia que o impacto no superavit primário será pequeno e que o benefício maior será na diminuição do endividamento do país, que também é medido em comparação ao PIB. A dívida do setor público equivale hoje a 44,8% das riquezas produzidas no país, acima dos 38,8% registrados no fim de 2008. O BC manteve a previsão de terminar o ano em 44%.


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