São Paulo, Quinta-feira, 28 de Janeiro de 1999
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Lucro de R$ 1 bi em 98 é o maior da história

da Reportagem Local

O Bradesco anunciou ontem que teve lucro de R$ 1,012 bilhão em 98, 21,9% superior ao resultado de 97 e recorde em sua história.
O lucro é o mesmo tanto para o banco quanto para o consolidado do grupo, já que o banco funciona como holding das demais empresas financeiras (bancos, seguradoras, empresas de previdência, capitalização e cartões de crédito).
Com isso, o banco registrou uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 16%.
O balanço deixa claro que o incremento foi proporcionado por gordo crédito fiscal. Em vez de pagar Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro, o banco teve crédito desses impostos em 98. No valor de R$ 466,3 milhões no caso do banco e de R$ 240,2 milhões no consolidado do grupo.
Antes dos impostos, o resultado do banco até caiu em relação a 97. O banco múltiplo teve lucro antes dos impostos de R$ 608,7 milhões, contra R$ 888,5 milhões em 97. Já o resultado consolidado do grupo antes dos impostos recuou de R$ 1,14 bilhão para R$ 927 milhões.
Segundo Hélio Machado dos Reis, diretor do banco, o crédito fiscal deve-se ao elevado volume de provisões feitos no ano.
O Bradesco fez reservas em dinheiro (provisões) para fazer frente à possível inadimplência de sua carteira de crédito e à queda do preço das ações de sua carteira. Por lei, a constituição dessas reservas dá direito a crédito fiscal.
Isso porque, se as perdas previstas -com ações e crédito- acontecerem, as provisões se tornarão despesas no futuro. Toda despesa reduz o lucro e, portanto, cai o imposto a pagar. O que a lei permite é que a redução do imposto seja antecipada. Foi o que o Bradesco fez.
Caso as perdas previstas não se concretizem, as reservas são revertidas. Ou seja, em vez de serem lançadas como despesas, voltarão ao banco como receita, já descontada do imposto.
Segundo Machado dos Reis, essa antecipação de crédito de imposto teve impacto líquido positivo de R$ 134 milhões sobre o resultado.
Ao final de 98, o Bradesco tinha R$ 83,5 bilhões de recursos captados, entre depósitos -à vista e a prazo-, caderneta de poupança, prêmios de seguros e fundos de investimentos.
O ativo total do grupo cresceu 11,2% para R$ 68,6 bilhões.
A carteira de crédito cresceu 4,4% em termos nominais -incluindo os juros que incidem sobre algumas operações-, alcançando R$ 26,3 bilhões.
Segundo Antonio Bornia, vice-presidente do banco, no entanto, em termos reais (descontados os juros das próprias operações) houve uma redução das operações de crédito, revelando cautela do banco diante do quadro de juros altos e risco de inadimplência.
Essa preocupação com a inadimplência é revelada nas provisões que o banco fez para créditos de liquidação duvidosa.
O banco terminou o ano com provisão equivalente a 230% dos créditos duvidosos, ou seja, com excesso de 130% sobre aqueles créditos que ele considera problemáticos. Em 94, o banco tinha provisões de 154% dos créditos de liquidação duvidosa, ou seja, o excesso era bem menor, de 54%.


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