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CONJUNTURA
Se governo fizer sua parte, o país pode recuperar-se no ano 2000
Brasil deve encolher 4% em 99, diz banco espanhol
VANESSA ADACHI
enviada especial à Espanha
A economia brasileira deve encolher 4% em 99, mas, se o governo
conseguir reduzir o buraco das
contas públicas, o país terá, então,
uma rápida recuperação já no ano
2000.
Essa é a previsão do economista-chefe do Banco Bilbao Vizcaya na
Espanha, Miguel Sebastián Gascón. "Este vai ser um ano muito
duro para o Brasil, mas, no melhor
cenário, o país poderá ter uma recuperação do PIB à la Coréia", afirmou ele ontem em Bilbao, no norte
da Espanha, quando foram divulgados os resultados de 98 do banco. No ano passado, o BBV assumiu o brasileiro Excel Econômico.
Gascón se referiu à Coréia porque o país teve uma recessão profunda, porém rápida, depois da
crise financeira de 97.
Para ele, o melhor cenário seria
aquele em que a forte desvalorização inicial do real ("overshooting") fosse corrigida em parte, a
taxa de inflação não ficasse muito
elevada e o pacote fiscal fosse implementado.
Para Gascón, o problema brasileiro agora é político. "O diagnóstico econômico é muito fácil, não é
difícil como no Japão. Qualquer
aluno meu do terceiro ano resolve
o problema do Brasil: é preciso reduzir o déficit fiscal", afirmou ele.
O BBV, que tem bancos em nove
países da América Latina, prevê
que apenas Argentina e Uruguai
serão duramente afetados pela crise brasileira. "A Argentina também deverá ter uma queda do PIB
(Produto Interno Bruto), próximo
a zero", disse Gascón. Excluindo
Brasil e Argentina, o restante da região deverá crescer 2% em 99.
Apesar do cenário negativo, o
banco diz não ter alterado seus
planos para a região, nem mesmo
para o Brasil. "Somos um grupo
estratégico, pensamos no longo
prazo. Somos como agricultores e
não como caçadores, nos assentamos", disse José Ignácio Goirigolzarri, diretor-geral do BBV para
América e Europa.
Goirigolzarri informou que, dos
US$ 1,55 bilhão já levados pelo
banco ao Brasil, US$ 853 milhões
foram afetados pela desvalorização, o equivalente ao que já foi injetado no BBV Brasil.
Os outros US$ 700 milhões, que
correspondem a uma reserva para
expansão futura, estão em uma
conta em dólares e foram protegidos.
Goirigolzarri não quis detalhar o
impacto da desvalorização sobre o
investimento no país e sua expectativa de retorno. "Quando se está
investindo para o longo prazo, não
se mostra grande alegria quando
há uma valorização da moeda local
nem grandes tristezas com uma
desvalorização", disse ele.
O BBV anunciou um lucro global
de US$ 1,095 bilhão em 98, o que
representou um crescimento de
25% sobre o resultado do ano anterior. Emilio Ybarra, presidente
mundial do banco, classificou o resultado de "brilhante". O resultado
da filial brasileira entrou na conta
apenas a partir do último trimestre
do ano e não foi especificado no
anúncio.
²
A jornalista
Vanessa Adachi viajou a convite do
Banco Bilbao Vizcaya.
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