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MERCADO TENSO
País ficou em 1º lugar em 97, quando lançou R$ 16 bi em títulos no exterior; em 98, valor foi de R$ 8,4 bi
Brasil cai para 4º lugar na captação externa
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
Depois de ser o campeão entre os
países emergentes na captação de
dinheiro lançando títulos no exterior em 97, o Brasil caiu para quarto lugar em 98. O país ficou atrás de
Argentina, Rússia e México.
Essas informações constam de
um relatório divulgado semana
passada pela corretora Merrill
Lynch a seus clientes.
Em 98, as empresas privadas brasileiras e o governo federal lançaram no exterior títulos num valor
total de US$ 8,4 bilhões.
Esses títulos são a forma mais
popular de contrair dívida externa.
Diferentemente dos empréstimos
bancários, os países ou empresas
emitem um bônus que é comprado
por investidores no exterior. Depois de lançado, o papel é vendido
inúmeras vezes no mercado.
No caso do Brasil, os títulos externos foram uma fonte de financiamento barato para as empresas
nos primeiros quatro anos do governo FHC. Os juros no país sempre estiveram mais altos do que os
cobrados internacionalmente.
Em 97, o Brasil captou cerca de
US$ 16 bilhões lançando títulos no
exterior. O país foi o maior emissor
desse tipo de dívida naquele ano.
Os US$ 8,4 bilhões de títulos brasileiros do ano passado fizeram o
país cair para a quarta colocação
- atrás da Argentina (US$ 15,9 bilhões), da Rússia (US$ 12,1 bilhões)
e do México (US$ 8,9 bilhões).
Não foi apenas o Brasil que conseguiu lançar menos títulos no exterior no ano passado. A moratória
russa (agosto de 98) funcionou como um freio no mercado.
Em 98, os países emergentes lançaram US$ 73,7 bilhões em títulos.
Em 97, o valor havia atingido US$
89,4 bilhões, segundo o relatório.
Essa redução de títulos fez com
que o mercado recuasse para o volume igual ao emitido em 96. A
América Latina foi a grande perdedora nos últimos três anos.
Em 96, os países latino-americanos abocanharam 74% do mercado. No ano passado, 55%.
Os investidores estão direcionando suas aplicações para outras
regiões do planeta. Os países mais
favorecidos por essa mudança de
direção são os da Europa Central
-responsáveis por 30% dos títulos lançados no ano passado. Em
96, essa parte do globo ficava só
com 9% das emissões de bônus.
Outra mudança significativa é a
natureza do emissor dos papéis.
Enquanto em 96 os governos eram
responsáveis por 59% dos títulos
emitidos por países emergentes,
hoje o percentual pulou para 71%.
Isso significa que os investidores
estão mais cautelosos na hora de
aceitar a emissão de novos papéis.
O governo de um país é sempre
considerado um devedor de menor risco do que uma empresa.
Para 99, a Merrill Lynch não faz
previsões, mas nota que há forte
presença de governos nas poucas
emissões realizadas em janeiro.
Dos US$ 2,3 bilhões de bônus
lançados em janeiro, apenas um
caso envolvia uma empresa.
Para o Brasil, o mercado está fechado no momento. É interessante
notar que a crise brasileira está afetando países latinos, como a Argentina e o México, mas não a ponto de impedir que esses países fiquem fora do mercado de títulos.
Em dezembro, antes da desvalorização do real, o Brasil lançou
apenas um papel (o banco ABN
Amro). Mas a Argentina conseguiu fazer nove emissões. O México lançou seis títulos.
Neste ano, o Brasil continua fora
do mercado. Os governos da Argentina e do México já conseguiram fazer emissões em fevereiro.
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