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OCDE reduz ajuda às nações mais pobres
ISABEL CLEMENTE
de Londres
O último dos impactos da crise
financeira dos países asiáticos de
que se têm notícia foi a redução da
assistência oficial dos países ricos
para os mais pobres.
Segundo relatório recentemente
divulgado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clube dos
29 países mais desenvolvidos do
mundo, a ajuda oficial para os países mais pobres chegou, em 97, ao
mais baixo nível desta década.
Os ricos desembolsaram US$
49,6 bilhões em 97, contra US$ 57,9
bilhões no ano anterior. Os sete
países mais ricos do mundo, o G-7,
doaram, em 97, US$ 15 bilhões a
menos do que em 92 -uma redução real de 30%.
A OCDE atribui a queda à turbulência financeira iniciada em 97
com a crise dos países asiáticos e
estima que esse volume de recursos tenha minguado ainda mais no
ano passado, com a crise russa.
Os países mais atingidos pela redução dos desembolsos são os
mais pobres, já que os chamados
emergentes, como o Brasil, dependem menos desse tipo de ajuda.
Os dados da OCDE reforçam a
tese de que as crises financeiras estão aumentando a distância dos
pobres para os ricos, diz o pesquisador brasileiro Paulo Wrobel, do
Instituto Real de Assuntos Internacionais, baseado em Londres.
Os números da OCDE foram
anunciados quase simultaneamente ao lançamento da campanha mundial "Cancelem a Dívida"
(Drop the Debt), pelo perdão da
dívida dos 52 países mais pobres
do mundo -proposta que conta
com o apoio do governo britânico.
Esta década tem sido marcada
por um esforço grande dos países
desenvolvidos em conter os próprio gastos, para reduzir o déficit
público, explica Paulo Wrobel.
Os países da Comunidade Européia, em especial, se viram às voltas com as rígidas metas do Tratado de Maastricht, que visavam o
ajuste econômico para a união monetária inaugurada este ano.
Atualmente, apenas quatro países atendem ao limite mínimo, de
0,7% do próprio PIB (Produto Interno Bruto), fixado pelas Nações
Unidas, para as assistências oficiais. São eles: Noruega, Suécia, Dinamarca e Holanda.
Os Estados Unidos doam menos
que 0,1% do seu PIB (soma das riquezas produzidas pelo país). A
média da assistência de todos os
membros da OCDE ficou em
0,22% do PIB somado desse grupo,
contra 0,25% do ano anterior.
A OCDE defende, como contraponto, a fixação de estratégias de
cooperação de longo prazo, para
fugir das oscilações geradas pela
crise financeira.
A boa notícia trazida pelo relatório anual sobre desenvolvimento
da OCDE é que os recursos repassados aos países do Terceiro Mundo estão sendo melhor utilizados.
Se concentrados em áreas-chave,
como Educação e Saúde, eles podem atrair o dobro em investimentos privados, que compensam a diminuição da participação estatal.
Os investimentos privados estão
tomando a dianteira. A OCDE
constatou que eles quase dobraram de 96 para 97, quando chegaram a US$ 108 bilhões. O problema
é que muito pouco foi para os países realmente em necessidade.
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