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AGRICULTURA
Safra atual foi plantada quando o dólar estava mais baixo, mas preço dos insumos sentiu mudança cambial
Próximo plantio terá custos mais altos
da Reportagem Local
O agricultor deve redobrar a sua
atenção em relação ao plantio da
safra de inverno, a partir de maio,
quando, certamente, o aumento
no custo de produção será sentido
em seu bolso.
Essa é a avaliação das principais
cooperativas e sindicatos de produtores de diversas regiões agrícolas do país.
A desvalorização do real aconteceu num momento em que a maior
parte dos agricultores já havia utilizado os insumos.
O plantio foi feito no final do ano
passado, quando o dólar estava
ainda contido pela política cambial anterior, de minidesvalorizações.
Esse é um dos principais fatores
que devem garantir um aumento
de receita agrícola nesta colheita.
"Porém, quando for preparar a
terra para um novo plantio, o agricultor encontrará uma outra realidade no mercado", afirma Getúlio
Pernambuco, economista, assessor técnico da CNA (Confederação
Nacional da Agricultura).
Insumo importado
Todos os insumos, como defensivos agrícolas e fertilizantes, tiveram aumento de preços depois da
valorização do real.
Cerca de 50% da matéria-prima
aplicada na fabricação de fertilizante é importada, assim como
90% da dos agrotóxicos.
Diante da queda do real, o agricultor assistiu a uma série de reajustes de preços dos insumos, segundo Flávio Turra, economista
da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).
O atraso e a redução na liberação
de recursos do governo fez com
que muitos produtores rurais recorressem a empréstimos das empresas produtoras, como é o caso
de boa parte dos plantadores de algodão do Centro-Oeste.
Essas dívidas começam a ser quitadas com a entrada dessa colheita,
tendo como base de cálculo a cotação diária do dólar.
Safra de inverno
Os primeiros agricultores que já
sentiram esse impacto são os do
milho-safrinha, os de cevada e os
de trigo, entre outras, as chamadas
culturas de inverno.
"Há uma incógnita. Não sabemos ainda se os ganhos com essa
safra de verão irão garantir os investimentos necessários em insumos para a próxima safra de inverno", afirma Turra.
Alguns economistas acreditam
que a rentabilidade de culturas como o trigo, o algodão e até mesmo
a soja poderá ser reduzida diante
dos investimentos necessários em
novos plantios.
Queda do dólar
Mesmo as perspectivas de queda
do dólar, como ocorreu com intensidade na semana passada, não deverão aliviar o bolso do produtor,
na avaliação das cooperativas agrícolas.
Isso porque o agricultor comprou seus insumos com o dólar
sendo cotado em alta.
Ele poderá ter que vender seus
alimentos com a moeda norte-americana cotada a um valor mais
baixo, o que deve facilitar a importação, aumentando a concorrência
com produtos de fora.
Na avaliação de economistas, essa fato pode provocar queda de
preços dos nacionais, além de dificultar as exportações brasileiras.
Há ainda alguns segmentos alimentícios, como é o caso do milho,
do feijão e do arroz, chamados de
produtos domésticos, pelo fato de
não serem exportáveis, que estão
obtendo preços semelhantes ou
mais baixos do que os da safra passada, segundo produtores.
Ainda segundo economistas, o
aumento da produção desses grãos
nesta temporada tende a favorecer
esse comportamento estável ou de
queda de preços.
(ROBERTO DE OLIVEIRA)
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